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Cientistas detectam pela primeira vez ansiedade em invertebrados

Em Paris

13/06/2014 11h49

Cientistas franceses descobriram sintomas de ansiedade em animais invertebrados, o que põe em evidência que os mecanismos neuronais ligados ao estresse se mantiveram ao longo de toda a evolução e abre novas vias de estudo.

Até agora, segundo indicaram os cientistas do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS) e da Universidade de Bordeaux, tinha sido detectada a ansiedade não patológica em humanos e em alguns vertebrados, mas nunca em formas de vida "simples".

A equipe estudou o comportamento de lagostas que tinham sido submetidas a um campo elétrico de forma contínua durante 30 minutos. Ao final desse tempo, foram colocadas em um labirinto aquático em forma de cruz. Dois dos braços dessa cruz estavam iluminados, o que costuma repelir esses animais, e os outros dois permaneceram escuros, situação que os tranquiliza.

Os pesquisadores comprovaram que as lagostas que tinham sido estressadas tinham tendência a permanecer na parte escura do labirinto, enquanto o resto explorou todo o percurso.

A ansiedade, segundo lembraram, prepara os indivíduos para detectar ameaças e antecipar sua resposta de forma adequada, o que favorece a sobrevivência. O comportamento mostrado pelas lagostas, segundo conclusões do estudo, representa uma resposta que se adapta ao estresse recebido, com a qual parte desses animais buscava minimizar os riscos de encontrar com um possível agressor.

Os pesquisadores comprovaram que após injetar nos animais um tranquilizante de uso comum em humanos eles acabaram com a ansiedade, o que reflete até que ponto os mecanismos neuronais que provocam ou inibem comportamentos ansiosos apareceram em uma etapa antecipada da evolução animal e se conservaram.

Dado que as lagostas são dotadas de um sistema nervoso simples, a equipe de pesquisadores acredita que o estudo permitirá entender melhor o comportamento dos mecanismos neuronais que se ativam em um contexto estressante.

Com a continuação das análises, eles pretendem tentar esclarecer também o papel dos neurotransmissores e as mudanças neuronais que se produzem quando o estado de ansiedade se prolonga durante vários dias.