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Kissinger cogitou realizar ataques aéreos contra Cuba em 1976

01/10/2014 15h57

Washington, 1 out (EFE).- Henry Kissinger cogitou, enquanto era secretário de Estado dos EUA, realizar ataques aéreos contra Cuba em resposta à decisão da ilha de enviar tropas para Angola, segundo documentos desclassificados pelo governo americano e publicados nesta quarta-feira por um grupo independente de investigação.

"Acho que vamos ter de esmagar (Fidel) Castro", afirmou Kissinger ao então presidente americano, Gerald Ford, durante uma reunião no Salão Oval em 1976.

Segundo os documentos desclassificados pela biblioteca presidencial Gerald R. Ford a pedido do Arquivo de Segurança Nacional, um grupo independente de investigação, a resposta do presidente foi: "Estou de acordo".

"Se decidirmos usar o poder militar devemos ter sucesso", advertiu Kissinger nessa reunião na Casa Branca, realizada em março de 1976 e que também teve a presença do então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld.

Os documentos desclassificados estão recolhidos no livro "Back Channel to Cuba", escrito pelo professor William M. LeoGrande, da American University, e Peter Kornbluh, que dirige o projeto de documentação sobre Cuba no Arquivo de Segurança Nacional.

Irritado pela incursão militar de Cuba em Angola para apoiar o hoje governante Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) durante a guerra civil no país, Kissinger advertiu o presidente Ford: "Se (os cubanos) entrarem na Namíbia ou na Rodésia, eu apoiaria esmagá-los".

O plano secreto de Kissinger incluía ataques aéreos a portos e instalações militares em Cuba, e o envio de batalhões da Marinha à base dos EUA em Guantánamo.

A proposta de Kissinger para atacar Cuba aconteceu após um processo prolongado de negociações diplomáticas secretas para tentar normalizar as relações bilaterais entre os EUA e a ilha, de acordo com o livro, recém-publicado nos Estados Unidos.