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Técnica experimental melhora a memória de alguns ratos com Alzheimer

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Imagem: Reprodução

11/03/2015 19h29

Cientistas conseguiram erodir a placa que se forma no cérebro dos pacientes de Alzheimer com uma técnica experimental aplicada em ratos, alguns dos quais recuperaram sua memória, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (11) na revista especializada "Science Translational Medicine".

O dano cerebral causado pela doença de Alzheimer é originado por causa de depósitos anômalos de fragmentos da proteína beta-amiloide.

Esses depósitos formam placas que se concentram e formam cúmulos e novelos impenetráveis que afetam as sinapses entre as células nervosas do cérebro.

O tratamento desta doença continua sendo difícil, em parte, porque o cérebro tem uma barreira protetora, formada por uma densa camada de células estreitamente unidas que impede a penetração de qualquer substância potencialmente danosa que circula pelo sangue, mas também os remédios.

Os neurocirurgiões Jürgen Göt e Gerhard Leinenga, do Instituto do Cérebro da Universidade de Queensland, na Austrália, exploraram as possibilidades para tentar penetrar no cérebro do rato e erodir a placa beta-amiloide.

Para consegui-lo, os especialistas utilizaram um exame de ultrassom, combinado com microbolhas injetadas no sangue do rato que vibram em reação às ondas emitidas pelo aparelho para abrir temporariamente a barreira protetora do cérebro.

Os pesquisadores aplicaram essa técnica ao cérebro de ratos afetados pelo mal de Alzheimer em várias ocasiões durante o período de algumas semanas.

Após o experimento, descobriram que as placas desapareceram quase totalmente em 75% dos ratos, sem causar danos ao tecido cerebral.

Os ratos, por sua vez, tiveram melhores resultados nos testes de memória, orientação e reconhecimento de objetos após a aplicação do ultrassom.

A análise dos tecidos cerebrais revelou que o exame de ultrassom também estimulou as células do sistema imunológico do sistema nervoso central (micróglias), que contribuíram para erodir as placas de beta-amiloides.

Os cientistas assinalaram que se trata de uma técnica não invasiva que se encontra nos estágios iniciais de pesquisa, mas acreditam que, no futuro, poderá oferecer uma possível estratégia para tratar o Alzheimer e outras doenças degenerativas.

Os autores esperam testar agora esta técnica em ovelhas com a doença de Alzheimer.