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Polêmico estudo chinês modifica DNA em embriões humanos

23/04/2015 17h20

Washington, 23 abr (EFE).- O mundo da ciência acordou revolucionado nesta quinta-feira com a notícia de que um grupo de cientistas chineses modificou o DNA de embriões humanos em um estudo, uma prática considerada polêmica devido a questões éticas.

A pesquisa, publicada na revista americana "Protein & Cell", foi realizada por cientistas da Universidade Sun Yat-sen, na cidade chinesa de Guangzhou.

No estudo, os pesquisadores utilizaram 86 embriões humanos para comprovar se poderiam modificar o gene HBB, cuja mutação é responsável da doença talassemia beta.

A talassemia é um transtorno hereditário que afeta a produção de hemoglobina, um tipo de proteína presente nos glóbulos vermelhos cuja função é transportar oxigênio aos tecidos do corpo. Essa doença inclui formas diferentes de anemia, cuja gravidade depende do número de genes afetados e pode ser mortal.

O estudo, sobre o qual havia rumores na comunidade científica desde março, foi condenado imediatamente por pesquisadores americanos, que afirmam que a prática é "perigosa, precoce e suscita questões éticas", informou a imprensa local.

Para minimizar a controvérsia ética, os cientistas chineses utilizaram embriões que não eram viáveis e apenas 71 deles sobreviveram. A modificação do DNA só funcionou em 28 deles.

"Nossos resultados ressaltam a necessidade de uma maior compreensão da técnica CRISPR/Cas9 de modificação do DNA, e respaldam a ideia de que as aplicações clínicas deste mecanismo talvez sejam prematuras neste momento", escreveram os cientistas no estudo.

A controvérsia do caso é explicada pelo fato de que, durante muito tempo, se considerou tabu fazer mudanças no DNA de um embrião humano porque essas remodelações poderiam se tornar falhas permanentes do mapa genético do ser humano.

Outro temor dos cientistas é que a prática possa ser perigosa, ao introduzir potencialmente por erro uma nova doença que seja hereditária.

Além disso, existe o medo de que a prática possa levar aos chamados "bebês de proveta", cuja herança genética (genótipo) seria selecionada usando várias tecnologias reprodutivas.