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Cientistas identificam "fechadura" que permite ao ebola infectar células

26/05/2015 20h22

Washington, 26 mai (EFE).- Pesquisadores de uma universidade de Nova York e do exército americano identificaram a proteína que atua como "fechadura" e permite ao vírus do ebola infectar as células, segundo um artigo publicado nesta terça-feira na revista "mBio".

O estudo, realizado pelo Colégio Universitário Albert Einstein da Universidade de Yeshiva e pelo Instituto de Pesquisa Médica do Exército dos EUA, identificou o "calcanhar- de-aquiles" do ebola.

Os pesquisadores determinaram que o vírus do ebola precisa se vincular à proteína Niemann-Pick C1 (NPC1) para conseguir replicar sua informação genética dentro da célula e estender a infecção.

Quando o vírus do ebola penetra em uma célula saudável, parte da membrana celular o rodeia, os chamados lisossomas, que tem como função digerir com enzimas os corpos estranhos.

Se esses lisossomas não contêm em sua membrana a proteína NPC1, o vírus do ebola não consegue se reproduzir.

Os pesquisadores conseguiram identificar esta proteína "fechadura" através da análise com ratos com genes do NPC1 e outros que não sintetizam essa proteína.

Os ratos que não possuíam o gene mostraram uma imunidade total ao vírus do ebola, uma descoberta que poderia permitir desenvolver uma cura definitiva.

No entanto, a solução para a mortífera doença não é tão simples, pois a proteína NPC1 é fundamental para a passagem do colesterol para o interior da célula, e sua carência em humanos é causadora de uma grave doença neurodegenerativa chamada doença de Niemann-Pick.

Os pesquisadores estão tentando determinar se é possível desenvolver um antídoto contra o ebola que bloqueie os receptores do NPC1 temporariamente, interrompendo a infecção viral.

"Acreditamos que os pacientes poderiam tolerar o tratamento, já que só seria necessário por um curto período de tempo", explicou em comunicado Andrew S. Herbert, pesquisador de imunologia viral do instituto médico do exército.

O surto de ebola que atingiu vários países da África Ocidental no início do ano passado contaminou quase 27 mil pessoas e causou a morte de mais de 11 mil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).