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Astrônomos observam pela primeira vez interior de galáxia primordial

R. Maiolino/ESO
Imagem: R. Maiolino/ESO

Em Berlim

22/07/2015 08h58

Uma equipe de astrônomos conseguiu observar pela primeira vez como as galáxias se formam no início do universo graças ao telescópio ALMA do Observatório Europeu do Sul (ESO), localizado no Chile.

Em comunicado, o ESO explicou que utilizou o ALMA para detectar as nuvens de gás com formação estelar mais distantes até agora encontradas em galáxias normais do universo primordial. Estas observações permitem começar a estudar como as primeiras galáxias se formaram e como despejaram o nevoeiro cósmico na época da reionização.

"Trata-se da detecção mais distante feita até agora deste tipo de emissão de uma galáxia 'normal', vista a menos de 1 bilhão de anos depois do Big Bang. Pela primeira vez estamos vendo uma galáxia primordial, não só como pequenas manchas, mas como objetos com estrutura interna", ressalta Andrea Ferrara, coautora do artigo científico que explica a descoberta.

Quando as primeiras galáxias começaram a se formar centenas de anos depois do Big Bang, o universo estava povoado por um nevoeiro de hidrogênio. À medida que começaram a aparecer e a aumentar as fontes brilhantes - tanto estrelas quanto quasares alimentados por enormes buracos negros - elas despejaram o nevoeiro e fizeram o universo transparente à luz ultravioleta, o que os astrônomos chamam de reionização.

Até esta nova observação com o telescópio ALMA, pouco se sabia sobre as primeiras galáxias, que só tinham sido vistas como manchas muito tênues. A equipe de astrônomos liderada por Roberto Maiolino, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, se concentrou em buscar galáxias pouco chamativas e pouco comuns, as que reonizaram o universo e se transformaram na maioria das galáxias atualmente vistas.

O telescópio conseguiu captar um sinal tênue, mas claro, de carbono que brilhava intensamente de uma das galáxias, chamada BDF 2399. O resplendor não vinha do centro da galáxia, mas mais bem de um de seus lados, o que pode dever-se, segundo os astrônomos, ao fato de as nuvens centrais serem perturbadas pelo entorno hostil criado pelas estrelas recém-formadas, tanto por sua intensa radiação quanto pelos efeitos de explosões de Supernova.

Combinando as novas observações de ALMA as simulações computadorizadas, foi possível compreender em detalhe os processos-chave que aconteceram dentro das primeiras galáxias. BDF 2399, segundo os astrônomos, pode ser um exemplo típico das galáxias responsáveis pela reionizção.

"Este tipo de observação nos permitirá esclarecer muitos dos controversos problemas que temos com a formação das primeiras estrelas e galáxias no universo", afirma Ferrara.

O trabalho de pesquisa foi publicado em um artigo científico divulgado hoje na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".