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Encontrado dente humano de 560 mil anos no interior da França

28/07/2015 09h17

Paris, 28 jul (EFE).- Dois adolescentes que colaboram com uma equipe de antropólogos franceses descobriram um dente humano de 560 mil anos na caverna de Tautavel, uma jazida arqueológica próxima à fronteira com a Espanha, onde tinham encontrado os restos humanos considerados os mais antigos da França, de apenas 450 mil anos de idade.

"É de um adulto relativamente maduro para a época. O dente não vai nos permitir ir muito longe, mas esperamos encontrar muitos mais partes de seu esqueleto completo", explicou à Agência Efe o geoarqueólogo Christian Perrenoud, que dirige os grupos de busca.

A descoberta aconteceu em Caune de l'Arago de Tautavel, uma gruta situada em um vale cortado por um canyon por onde passa o rio Verdouble e onde já foram encontrados vários objetos do Paleolítico Inferior.

O incisivo frontal inferior, batizado de Arago 149, é o 149º resto humano encontrado nessa jazida próxima de Perpignan, no sudeste francês, onde foram classificadas cerca de 600 mil amostras arqueológicas desde que começaram os trabalhos de campo em 1964.

O achado foi mérito de dois adolescentes, Valentín e Camille, que pela primeira vez participam como voluntários e "levarão um lindo lembrança" da busca, que esta temporada começou em maio.

"Valentin encontrou o dente na terra, me mostrou e fomos a buscar um especialista, porque parecia um dente humano. Era evidente que era um dente, parece um dos nossos, não tínhamos dúvidas", comentou Camille Jacquey, de 16 anos.

A adolescente, cuja mãe já tinha colaborado na jazida nos anos 80, sentiu "emoção e fascinação" quando os antropólogos confirmaram suas suspeitas.

O laboratório constatou que se trata do resto humano mais antigo achado por enquanto na França, mas não na Europa, onde há peças de mais de 900 mil anos nos jazidas espanholas da serra de Atapuerca (em Castela e Leão) e Orce (em Granada), por exemplo.

Também na França há lugares onde se estabeleceu que houve presença humana muito antes, mas nenhum fóssil foi encontrado nessas jazidas.

"Sabemos que o homem está presente na Europa há 1,4 milhão de anos, mais ou menos. Muito antes desta descoberta. Mas há praticamente ausência de restos", acrescentou Perrenoud.

O geoarqueólogo acrescentou que já se conhece a alimentação e as ferramentas de quem habitou a região de Tautavel há 560 mil anos, mas ressaltou a importância desta nova descoberta.

"A priori (o dente) é muito parecido com o do homem de Tautavel", comentou o especialista, que avaliou especialmente essa informação porque "podia ser de uma espécie diferente".

A partir da amostra poderão averiguar a "morfologia externa e interna do dente, mas não será possível tirar um modelo do espécime em conjunto" até encontrarem mais partes do esqueleto.

A caverna de Tautavel, a cerca de 30 quilômetros da fronteira entre França e Espanha pelo leste dos Pirineus, acolhe a voluntários de "20 a 25 nacionalidades nas buscas", embora a participação esteja reservada "a pessoas que fazem ou vão fazer estudos sobre a pré-história, em um sentido amplo", acrescentou Perrenoud.