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Cientistas concluem que núcleo da Terra se formou há um bilhão de anos

07/10/2015 14h48

Madri, 7 out (EFE).- O momento em que o núcleo interno da Terra se formou é objeto de um aguerrido debate entre os cientistas, mas um estudo estabeleceu uma faixa de tempo para seu surgimento, entre um bilhão e um bilhão e meio de anos.

A camada mais profunda da Terra é um bola de ferro sólido um pouco maior que Plutão, rodeada por um núcleo externo líquido, eaté agora o consenso é que se formou há entre 500 milhões e dois bilhões de anos, mas os cientistas ainda não haviam chegado a um período mais preciso.

Especialistas das universidades de Liverpool, de Helsinque e de San Diego analisaram dados magnéticos de antigas pedras incandescentes e descobriram que há um bilhão e um bilhão e meio de anos aconteceu um marcado aumento da força do campo magnético da Terra, como publicou nesta quarta-feira a revista "Nature".

Esse aumento do campo magnético é "uma possível indicação" da primeira aparição de ferro sólido no interior da Terra e do momento em que o núcleo interno sólido começou a "gelar" a partir do esfriamento da camada mais exterior de ferro fundido.

O especialista em paleomagmatismo da Universidade de Liverpool e diretor do estudo, Andy Biggin, acredita que esta descoberta "poderia mudar nossa compreensão do interior da Terra e de sua história".

Por enquanto se mantém a controvérsia sobre quando apareceu pela primeira vez ferro no núcleo interno da Terra, um processo chamado "nucleação", mas essa datação feita agora é "crucial para determinar as propriedades e a história do interior da Terra".

Além disso, tem grandes implicações para saber como foi gerado o campo magnético da Terra, que atua como um escudo contra a radiação solar.

Os resultados do estudo "sugerem que o núcleo da terra está esfriando mais lentamente do que pensávamos, circunstância que tem implicações para todas as ciências terrestres".

Além disso "apontam um taxa média de crescimento do núcleo sólido de um milímetro por ano, o que afeta nossa compreensão do campo magnético terrestre", acrescentou.

O campo magnético da Terra é gerado pelo movimento do ferro líquido presente no núcleo exterior, situado a cerca de três mil quilômetros de profundidade abaixo da crosta terrestre. Esses movimentos se produzem porque o núcleo está perdendo calor.

Biggin indicou que "o modelo teórico que melhor se encaixa em nossos dados indica que o núcleo está perdendo calor mais lentamente do que em qualquer momento anterior dos últimos 4,5 bilhões de anos, e esse fluxo de energia deveria manter o campo magnético da Terra durante outro bilhão de anos ou mais".

Ele destacou que esta situação contrasta com a história de Marte, "que teve um forte campo magnético no começo de sua história, mas parece que ele se extinguiu após 500 milhões de anos".