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Einstein e seus anos em Berlim, ou o caminho rumo à consagração

24/11/2015 06h00

Rodrigo Zuleta.

Berlim, 24 nov (EFE).- Os anos que Albert Einstein (1814-1933) passou em Berlim acabaram o transformando no cientista mais famoso do século XX, e o desenvolvimento da Teoria Geral da Relatividade em 1915 foi um grande passo nesse processo.

Max Planck - o pai da teoria quântica que Einstein tinha ampliado com sua hipótese que a luz era composta de fótons - tinha sido o personagem-chave para que Einstein chegasse a Berlim em 1915 como professor - sem obrigações docentes - e como membro da Academia Prussiana de Ciências.

O caminho para essa nomeação tinha começado dez anos atrás, quando, em seu chamado annus mirabilis de 1905, Einstein sacudiu o mundo da física com uma série de publicações, entre elas a Teoria Especial da Relatividade, sendo um "especialista técnico de terceira classe" do escritório de patentes de Berna (Suíça).

No entanto, essas conquistas levaram que Einstein ficasse famoso em um pequeno círculo de cientistas. Já sua fama além dos limites da academia viria mais tarde.

A primeira coisa que Einstein conseguiu após apresentar a Teoria Especial da Relatividade foi que o escritório de patentes o promovesse a analista técnico de segunda classe em 1906.

Mais tarde, em 1908, Einstein foi nomeado professor extraordinário em Zurique, de onde - após uma passagem por Praga entre 1911 e 1912 - iria a Berlim em 1914, liberado da obrigação de ministrar aulas.

Enquanto a Europa sangrava nos campos de batalha - já havia começado a I Guerra Mundial -, Einstein se concentrou no que para ele seria o projeto mais importante de sua vida, que seria a divulgação da Teoria da Relatividade.

Einstein não se uniu à febre belicista que contagiou muitos cientistas alemães - incluindo seu mentor Max Planck - e, segundo escreveu, olhava a guerra "com horror e piedade".

No entanto, sua principal ocupação em seu primeiro ano em Berlim não foi o ativismo contra a guerra - embora assinasse declarações pacifistas quando alguém o pedisse -, mas o desenvolvimento matemático para a difusão da Teoria da Relatividade.

Em novembro de 1915, Einstein tinha alcançado a meta e apresentou seus resultados à Academia Prussiana de Ciências, em várias sessões, e estes foram publicados pela primeira vez nas memórias da instituição.

Enquanto outros dedicavam seu talento no meio do confronto à produção de gás venenoso, Einstein tinha dado um passo na ciência pura com uma teoria que, pelo menos por enquanto, não tinha nenhuma utilidade direta nem o campo militar, nem em nenhum outro.

Por isso não é estranho que, como disse o diretor do Instituto Max Planck de História da Ciência, Jürgen Renn, em entrevista publicada pela revista "Der Spiegel", que a divulgação da teoria em 1915 só despertou o interesse de alguns especialistas.

A situação mudou em 1919, quando pela primeira vez foi feita uma comprovação experimental da teoria de Einstein.

"A I Guerra Mundial tinha terminado, a ciência alemã estava isolada no exterior. O pacifista Einstein era quase o único cientista alemão com o qual as pessoas falavam em Paris ou Londres", disse Renn.

Além disso, a circunstância de que cientistas britânicos tivessem alcançado a prova experimental para a teoria de Einstein desfazia de alguma maneira a fronteira entre as nações que até há pouco eram inimigas.

"A opinião pública viu isso como um novo começo, a cooperação científica com fins pacíficos era possível. O que importava era entender o cosmos, e não mais de gás venenoso", disse Renn.

Einstein tornou-se então o ícone do que se via como novos tempos da ciência e, da noite para o dia, virou um "astro pop", talvez o primeiro da história da ciência.

Em seu apartamento em Berlim estiveram atores como Charlie Chaplin, escritores como Gerhard Hauptmann ou políticos como Walter Rathenau. Suas fotos - nas quais quase sempre aparece despenteado - fizeram de seu rosto um dos famosos do mundo e, como o próprio Einstein diria mais tarde, tudo o que dizia se transformava em manchetes de jornais.

"Berlim é a cidade com a qual estou mais ligado por vínculos científicos e pessoais", disse Einstein em uma ocasião.

No entanto, Berlim deixou de ser sua cidade em 1933, quando os nazistas chegaram ao poder, e ele, que estava dando conferências nos EUA, decidiu não retornar. Em todo caso, já em 1916, em artigo contra a guerra, Einstein tinha escrito que para ele a filiação a um ou outro país não tinha elemento sentimental algum.

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