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CERN avança no estudo do estado da matéria instantes depois do "Big Bang"

25/11/2015 14h19

Genebra, 25 nov (EFE).- O Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) anunciou nesta quarta-feira que efetuou colisões de íons de chumbo a uma energia recorde, com o objetivo de avançar no estudo sobre o estado da matéria pouco depois do "Big Bang", momento considerado como a formação do universo.

A energia registrada hoje foi quase duas vezes maior à de qualquer outro experimento anterior, atingindo uma temperatura de trilhões de graus (centenas de milhares de vezes a do interior do Sol), uma semana depois do início das primeiras colisões.

Este fato marca o início de um mês de colisões de íons de chumbo carregados (átomos de chumbo sem elétrons).

A colisão de íons é uma "tradição" que o CERN cumpre um mês ao ano, mas desta vez "será especial, porque atingimos uma nova energia e exploraremos a matéria em um período ainda anterior de nosso universo", declarou o diretor-geral da organização, Rolf Heuer.

Nos primeiros instantes do universo, durante poucos milésimos de segundo, a matéria foi muito quente e densa, uma espécie de "sopa primordial", composta de partículas elementares, conhecidas como quarks e glúons. Os glúons mantêm os quarks unidos dentro dos prótons e nêutrons que formam a matéria.

Durante o primeiro período do funcionamento do Grande Acelerador de Hadróns (LHC), entre 2010 e 2013, houve avanços importantes na compreensão das propriedades dos quarks e glúons.

"Agora o salto da energia nos dá acesso a perguntas mais fundamentais, como mecanismos precisos de produção desse estado da matéria", disse o pesquisador da Universidade de Santiago de Compostela, Carlos Salgado.

O porta-voz da pesquisa ATLAS - um dos quatro detectores de partículas do LHC -, Dave Charlton, explicou que o funcionamento de íons pesados "proporcionará um grande complemento dos dados com prótons obtidos até o momento".