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Estudo revela que padrão da face humana é único

19.jul.2015 - Arqueólogos trabalham nas escavações no sítio arqueológico de Atapuerca, em Burgos, Espanha - Cesar Manso/ AFP
19.jul.2015 - Arqueólogos trabalham nas escavações no sítio arqueológico de Atapuerca, em Burgos, Espanha Imagem: Cesar Manso/ AFP

Em Burgos (Espanha)

07/12/2015 11h58

Um estudo científico, baseado em parte em fósseis da jazida espanhola de Atapuerca, publicado nesta segunda-feira na revista "Nature Communications", concluiu que o padrão da face da espécie Homo sapiens é "único na evolução humana".

O estudo foi realizado por uma equipe internacional de paleoantropólogos que estudou a evolução do esqueleto da face humana nos últimos dois milhões de anos.

Os pesquisadores concluíram que o padrão histológico observado no Homo sapiens, com amplas áreas de reabsorção óssea na superfície facial, é único na evolução humana.

O modelo de crescimento do rosto do Homo erectus, dos neandertais e dos fósseis da Sierra de Atapuerca segue, por outro lado, um padrão primitivo, em que praticamente só há um depósito de ossos no rosto, e a reabsorção não existe ou é mínima.

Somente no caso do Homo antecessor, que viveu na Sierra de Atapuerca, o modelo de crescimento poderia se assemelhar mais ao moderno, mas por enquanto só há um indivíduo, bastante incompleto, em que é possível estudar parcialmente a histologia da superfície da face.

Este trabalho examinou com o microscópio eletrônico a superfície dos ossos do rosto de indivíduos em processo de desenvolvimento, para distinguir as áreas em que os ossos são depositados ou absorvidos.

Durante o desenvolvimento facial do Homo sapiens, os ossos do rosto crescem principalmente nas áreas onde há depósito de osso. Nas áreas em que predomina a reabsorção, o crescimento é muito mais limitado.

Essa diferença na dinâmica destes processos faz com que o rosto humano moderno tenha relevo, seja "esculpido", com maçãs do rosto salientes, por exemplo, e que seja vertical em vez de se projetar para frente em um morro, enquanto nos grandes símios só há depósito de ossos, o que faz com que todo o rosto seja projetado mais uniformemente para a frente durante o crescimento.

O primeiro autor do trabalho é Rodrigo Lacruz, espanhol professor da Universidade de Nova York, que comentou que o estudo permite garantir que os padrões de crescimento facial em neandertais e humanos da Sima dos Ossos de Atapuerca são muito diferentes do humano atual.

O diretor científico do Museu da Evolução Humana de Burgos e codiretor de Atapuerca, Juan Luis Arsuaga destacou se tratar de uma descoberta "muito relevante", porque confirma que a espécie humana atual apresenta muitas originalidades, traços únicos que não se encontram nos neandertais nem nas outras espécies humanas que existiram.