Estudo identifica genes "multitarefa" responsáveis por doenças humanas
Cientistas norte-americanos identificaram diversos genes "multitarefa" que têm influência sobre uma ampla variedade de características e condições humanas, segundo publicou nesta segunda-feira revista britânica Nature.
O estudo mostra como algumas características aparentemente desligadas, como dor de cabeça e problemas nas artérias coronárias, podem ter fatores genéticos subjacentes comuns.
Os especialistas já sabem há muito tempo que existem variantes genéticas que afetam traços tão diversos como o tamanho do nariz e o risco de desenvolver a doença de Parkinson, apesar de os métodos para identificar esses fatores serem pouco eficientes até então.
No trabalho intitulado "Detecção e interpretação de influências genéticas compartilhadas em 42 características humanas", uma equipe do Centro Genômico de Nova York (EUA) afirma ter validado o uso de estudos de associação de genoma completo (GWAS, sigla em inglês) para desenvolver esse tipo de pesquisa.
Graças ao uso de grandes bases de dados, Joseph Pickrell e seu grupo estabeleceram relações entre características antropométricas como a altura e o índice de massa corporal, doenças neurológicas, como as de Alzheimer e Parkinson, e vulnerabilidade a diversas infecções.
O artigo da "Nature" apresenta 341 variações genéticas associadas a pelo menos duas dessas características. Entre elas, uma associação entre a idade da menstruação, que marca o início da puberdade nas mulheres, com a mudança de voz nos homens, um menor índice de massa corporal, um aumento da altura em ambos os sexos e um menor risco de calvície nos homens.
Também foi identificado um nexo de relações entre condições imunológicas como a asma, as alergias, a doença de Crohn, a artrite reumatóide e doenças como infecções de ouvido e amigdalite.
"Enquanto os estudos genéticos tiveram êxito até agora na identificação de variantes que têm influência no risco de doenças, é importante compreender o impacto dessas variações genéticas em diversas condições", afirmou Pickrell em comunicado.
"Por exemplo, se uma variação genética diminui o risco de esquizofrenia, mas aumenta o de sofrer Parkinson, os remédios que têm como base esse gene talvez produzirão consequências indesejadas", analisou.
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