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Astrônomos do Chile conseguem calcular massa de buracos negros supermassivos

Em Santiago do Chile

22/07/2016 15h01

Astrônomos da Universidad de Chile descobriram um método para calcular a massa dos buracos negros supermassivos, presentes inclusive na Via Láctea, informou nesta sexta-feira a instituição.

Esta descoberta, realizada por acadêmicos e estudantes e publicada na última edição da revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society", é essencial para entender como estes objetos se comportam e de que maneira influem em seu entorno na galáxia.

Os buracos negros são considerados um dos grandes mistérios do Universo, mas se tratando de buracos negros supermassivos, que têm uma massa de bilhões de sóis e uma gravidade inimaginável, o mistério é ainda maior.

O grupo de astrônomos conseguiu determinar a maneira mais exata e confiável de estimar as massas destes objetos em galáxias com buracos negros supermassivos que estão "consumindo" matéria, usando a informação que provém do gás próximo ao buraco.

Os resultados do estudo foram obtidos graças ao uso durante 80 horas do instrumento X-Shooter do telescópio VLT, situado na região de Antofagasta, no norte do Chile.

Existe consenso na comunidade científica que cada galáxia, incluindo a Via Láctea, contém um destes objetos gigantes em seu centro.

É por isso que conhecer sua massa é fundamental para determinar de que maneira afetam a galáxia na qual vivem e o meio intergalático.

Quando os buracos negros estão inativos, podem afetar gravitacionalmente o material próximo em uma região quase insignificante, mas quando se "ativam" podem consumir material de seu entorno e seu efeito pode ser sentido a distâncias enormes, explica Paulina Lira, pesquisadora do Centro de Astrofísica e Tecnologias Afins,

"O material que cai no buraco forma um disco ou redemoinho incandescente que pode brilhar tanto como todas as estrelas da galáxia juntas", afirmou a astrônoma da Universidad de Chile.

Além disso, da enorme quantidade de energia liberada, do redemoinho também são emitidos jatos de energia de material que viajam a velocidades próximas à da luz e que podem percorrer a extensão total da galáxia e ainda além.

"As galáxias ativas se caracterizam por ter um disco de matéria que emite uma grande quantidade de energia, que por sua vez alimenta de matéria o buraco negro", afirmou Julián Mejía, principal autor da investigação e estudante de doutorado em Astronomia da Universidad de Chile.

O cientista esclarece que a principal descoberta foi que as massas estimadas se tornam mais confiáveis quanto mais longe estiverem do material do disco.

"Uma possível explicação disto é que as nuvens mais próximas são mais propensas a ser perturbadas por material que provém do disco em forma de ventos", assegurou Mejía.

A massa dos buracos negros supermassivos é de 10 a 1 bilhão de vezes a massa do Sol e os astrônomos ainda não conseguem decifrar como conseguiram crescer tanto.

"Para reconstruir sua evolução no tempo precisamos olhar regiões distantes do universo e medir massas da forma mais exata possível e assim determinar como cresceram", disse Mejía.

Esta pesquisa da Universidad de Chile continuará estudando como as massas do buraco negro, sua rotação intrínseca e a taxa à qual este devora matéria, determinam as propriedades do material circundante.