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Astrônomos encontram planeta semelhante à Terra

24/08/2016 16h52

Madri, 24 ago (EFE).- Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um planeta parecido com a Terra, que orbita ao redor de sua estrela, Proxima Centauri, a cada 11 dias e tem uma temperatura que permitiria a existência de água líquida em sua superfície.

Os resultados do estudo deste planeta, tão intensamente procurado e batizado como Proximo b, foram publicados na capa da revista "Nature" desta quarta-feira.

"Este planeta rochoso é um pouco maior em massa do que a Terra, é o exoplaneta mais próximo a nós e também pode ser o planeta mais próximo que possa abrigar vida fora do Sistema Solar", informa o Observatório Europeu do Sul (ESO) em nota de imprensa.

Proximo b orbita ao redor da Proxima Centauri, uma estrela anã vermelha que é a mais próxima do Sol e a possibilidade de que exista vida nos planetas em torno deste tipo de estrelas é, hoje, objeto de debate entre a comunidade científica internacional.

"Possibilidades existem, mas para verificar é muito trabalhoso. São muitas horas de observação com instrumentos, inclusive, que ainda não existem. Falar de vida lá no nível de conhecimento que temos do planeta é ir longe demais porque, entre outras coisas, para que um planeta tenha uma temperatura em sua superfície que permita água líquida - o que possibilita a aparição de vida pelo menos como a conhecemos - é necessário uma atmosfera que o proteja e esquente", explica à Agência Efe Pedro J. Amado, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA) e um dos autores do estudo.

Segundo ele, se o novo planeta tiver atmosfera com gases que produzam efeito estufa "seria suficiente para aquecer esse pouquinho mais que necessitaria sua superfície para que a água estivesse em estado líquido". Além disso, é preciso demonstrar que existe gelo neste corpo celeste.

"Esses são dois passos fundamentais", esclarece Amado, para quem a descoberta de Proximo b é "super empolgante".

Sua estrela é muito fácil de acompanhar, e para este trabalho ela foi observada durante todo o primeiro trimestre deste ano, além da análise feita com dados públicos obtidos nos últimos 16 anos.

As observações foram feitas com o espectrógrafo HARPS do telescópio de 3,6 metros da ESO no Observatório La Silla, no Chile, e a estrela foi monitorada simultaneamente com outros telescópios do mundo.

Isto foi feito dentro da campanha Pale Rede Dot, na qual uma equipe de astrônomos, dirigida por Guillem Anglada-Escudé, da Universidade Queen Mary, em Londres, e outro autor do estudo. Ele buscava o pequeno bamboleio que pela força da gravidade provocaria na estrela a existência de um planeta em órbita.

"Fiquei revisando a consistência do sinal todos os dias durante as 60 noites da campanha Pale Rede Dot: os 10 primeiros foram promissórios, os 20 foram consistentes, com as expectativas, e aos 30 dias o resultado era muito definitivo, portanto começamos a redigir o artigo", relata Anglada-Escudé.

Os primeiros sinais de um possível planeta surgiram em 2013, mas segundo Anglada-Escudé, em uma teleconferência organizada pela "Nature", é agora que o sinal é convincente. Os dados precisam que o planeta tem pelo menos 1,3 veze a massa terrestre que gira em torno de Proxima Centauri cada 11,2 dias a uma distância de 7 milhões de quilômetros, segundo uma nota do CSIC.

Acredita-se que em torno de 70% das estrelas de nossa galáxia são anãs vermelhas, como Proxima Centauri, mas mais frágeis e pequenas do que o Sol. Este tipo de estrela apresenta, além disso, períodos de atividade repentinos cuja sinal pode ser confundido com a de um planeta, segundo Cristina Rodríguez, do IAA e também autora. Para excluir esta possibilidade foram fundamentais as observações feitas pelo telescópio ASH2, no Observatório SPACEOBS, em São Pedro de Atacama, no Chile, e operado pelo IAA, acrescenta Cristina.

"No marco deste projeto, Proximo b constitui o único planeta que poderia ser visitado no prazo de uma geração", conclui Amado.