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Corrida espacial pode impulsionar geração de novos cientistas na China

Astronautas chineses Jing Haipeng (esq) e Chen Dong posam em frente a bandeira da China  - Reuters
Astronautas chineses Jing Haipeng (esq) e Chen Dong posam em frente a bandeira da China Imagem: Reuters

18/10/2016 10h03

Nas vésperas da decolagem da sexta missão tripulada que vai da China rumo ao cosmos, o programa espacial de Pequim é recebido pelos cidadãos do país com uma mistura de esperança curiosa e orgulho patriótico.

Em poucos lugares é mais palpável esse entusiasmo do que na entrada do Museu de Ciência e Tecnologia de Pequim, que acolhe uma exposição monográfica sobre as seis décadas de história do programa espacial chinês, de onde Guan Pencheng acaba de sair quando responde às perguntas da Agência Efe com sua filha no colo.

"A corrida espacial chinesa me parece uma coisa muito boa e grande. É um grande progresso, algo histórico. Tomara que tenha sucesso", afirmou Guan, moradora da província de Jiangsu, no leste do país.

Como ela, todos os entrevistados pela Efe se dizem satisfeitos com a evolução de seu país em relação ao espaço e aguardam com expectativa os próximos avanços.

O gigante asiático voltará a pôr dois astronautas em órbita nos próximos dias, a bordo da nave Shenzhou-11, três anos depois do lançamento da missão espacial tripulada anterior, a quinta de sua história, e 13 anos depois da primeira, em 2003.

Estes dois astronautas terão a missão de acoplar Shenzhou-11 ao laboratório espacial Tiangong-2, que decolou com sucesso no dia 15 de setembro, para realizar vários experimentos científicos e abrir caminho para o estabelecimento da futura estação espacial chinesa, que se espera que entre em funcionamento em 2022.

China - Li Gang/Xinhua via AP - Li Gang/Xinhua via AP
China lança o foguete Longa Marcha 2F com a espaçonave Shenzhou-11 com dois astronautas a partir da remota província de Gansu
Imagem: Li Gang/Xinhua via AP
"Subirão ao espaço e conectarão sua nave com o laboratório Tiangong. Depois farão experimentos", comentou, muito inteirado, um idoso de Pequim de sobrenome Song, que acompanhou as diferentes missões espaciais chinesas através da televisão e da imprensa.

"Para mim, o programa espacial da China se desenvolveu muito rápido e já é um dos melhores do mundo. Ninguém imaginaria que iria tão rápido este setor e que chegaríamos tão longe tão em breve", acrescentou Song.

A corrida espacial impulsionada por Pequim é financiada com os impostos pagos pelos quase 1,4 bilhão de habitantes da China, mas Song não vê nisso nenhum problema.

"O governo agora tem dinheiro", disse o ancião.

Chen Longhai, da província de Anhui, é a favor de que o governo invista em ciência.

"Não acredito que investir no programa espacial seja um luxo. O desenvolvimento de um país tem seus passos e seu rumo e a tecnologia que se conseguiu graças a este programa ajudou a melhorar a capacidade científica da China", explicou Chen.

A admiração que o espaço desperta em muitos chineses alimenta os sonhos de alguns pais que acreditam que seus filhos possam, algum dia, fazer parte do programa espacial ou inclusive ser astronautas.

"Adoraria", assegurou Guan, que vê sua filha - que não tem nem dois anos - com um futuro como astronauta, como também Li Qiuyang, da província de Jilin (nordeste), antecipa um futuro para sua menina além da atmosfera.

"O programa espacial da China é cada vez melhor e com a tecnologia cada vez mais avançada. No futuro, a China vai ser o país número um no mundo", disse convencida Li.

O cientista do Observatório Astronômico Nacional da Academia Chinesa de Ciências Zheng Yong-Chun defende, em declarações à Efe, que a grande utilidade do programa espacial chinês é fomentar o interesse pelas ciências entre os mais jovens.

"Estas missões criarão uma leva de jovens cientistas que buscarão respostas a seus interesses. Serão a próxima geração de cientistas e engenheiros", previu Zheng.