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Ganhador do Nobel de Química relata dificuldade na escola por dislexia

O cientista suíço Jacques Dubochet, um dos ganhadores do prêmio Nobel de Química, na Universidade de Lausanne - AFP
O cientista suíço Jacques Dubochet, um dos ganhadores do prêmio Nobel de Química, na Universidade de Lausanne Imagem: AFP

Genebra

04/10/2017 12h12

Um dos três ganhadores do Nobel de Química 2017, o biofísico suíço Jacques Dubochet lembrou nesta quarta-feira, em suas primeiras palavras após ser premiado, que sua escolaridade foi complicada por conta da dislexia, o que lhe fazia "ir mal em todas as matérias".

Em 1955, quando tinha 14 anos, Dubochet foi "oficialmente" o primeiro menino disléxico do cantão de Vaud (leste da Suíça), onde nasceu e residia.

Mostrando grande humildade, o premiado ofereceu uma original coletiva de imprensa duas horas depois que a Real Academia Sueca das Ciências divulgou os ganhadores, que além de Dubochet foram o alemão-americano Joachim Frank e o britânico Richard Henderson.

Os três foram reconhecidos pelas contribuições aos distintos períodos de desenvolvimento da "criomicroscopia eletrônica", uma técnica que permite observar biomoléculas em alta resolução, o que até esta descoberta era impossível.

"Em um momento como este, o meu sentimento é de grande reconhecimento... mas um prêmio científico é algo ambíguo porque põe um indivíduo em evidência, quando o esforço coletivo deveria ser reconhecido", comentou.

Dubochet, que compareceu perante a imprensa como se estivesse em uma sala universitária, simplificou seu desconforto afirmando que consistiu em "inventar a água fria", embora tenha repetidamente que enfatizado que não fez isso sozinho.

A invenção atribuída a Dubochet corresponde ao procedimento de "vitrificação" da água, através de seu congelamento ultrarápido, o que permite às biomoléculas conservar sua forma natural e que permite que sejam estudadas suas propriedades originais.

Durante seu comparecimento, o professor evidenciou várias vezes a pouca importância que dá à glória pessoal e assegurou detestar a concorrência, pois a seu entender os avanços científicos só podem ser o fruto da colaboração.

Dubochet também relatou que na sua infância teria sido impossível imaginar que chegaria a ser um cientista tão importante porque a sua dislexia gerava dificuldades de aprendizagem.

No entanto, disse que se trata de uma desordem que "tem sistemas de compensação" que lhe permitiram se graduar e virar doutor em biofísica.

O premiado, que tem dois filhos e se declarou politicamente simpatizante da esquerda, está aposentado há dez anos.

Antes de Dubochet, 30 suíços haviam sido agraciados com o Nobel.