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Astrônomos captam detalhes de estrela gigante vermelha, possível futuro do Sol

Astrônomos observaram padrões de granulação na superfície de uma estrela vermelha que vive fora do Sistema Solar - European Southern Observatory/AFP
Astrônomos observaram padrões de granulação na superfície de uma estrela vermelha que vive fora do Sistema Solar Imagem: European Southern Observatory/AFP

Em Berlim

21/12/2017 08h42

Um grupo de cientistas do ESO (Observatório Europeu do Sul) conseguiu observar, com detalhes "sem precedentes", os processos ocorridos na superfície de uma estrela vermelha, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (20) pela revista britânica "Nature".

A estrela, chamada como Pi Gruis, tem aproximadamente a mesma massa que o Sol, mas um diâmetro 350 vezes maior. Segundo os cientistas, nosso Sol também irá aumentar de tamanho, tornando-se uma estrela vermelha semelhante a essa daqui 5 bilhões de anos.

A Pi Gruis está a 530 anos-luz de distância da Terra. O nome da estrela é formado pela letra grega Pi e pelo nome da constelação a qual ela pertence, que está dentro do sistema Bayer.

Esse sistema nomeia as estrelas de uma constelação com letras do alfabeto grego, seguindo a ordem do mesmo. A estrela mais brilhante é chamada de alfa, e a menos de ômega.

Uma equipe do ESO, comandada por Claudia Paladini, utilizou o Very Large Telescope, que fica no Chile, para observar a Pi Gruis e descobriu que sua superfície tem apenas algumas células convectivas. Parte delas tem 120 milhões de quilômetros - cerca de um quatro do diâmetro da estrela.

Em comparação, a superfície do Sol tem aproximadamente dois milhões de células convectivas, com diâmetros de apenas 1,5 mil quilômetros.

Há muito tempo, quando a Pi Gruis gastou todo o hidrogênio que tinha para queimar, essa estrela anciã deixou para trás a primeira etapa de sua fusão nuclear e diminuiu de tamanho à medida que ficava sem energia, elevando sua temperatura além de 100 milhões de graus.

As temperaturas extremas alimentaram a etapa seguinte da estrela, que começou então a queimar hélio, transformando-o em átomos mais pesados como carbono e oxigênio. O núcleo intensamente quente, segundo os cientistas, expeliu as camadas mais externas , fazendo com que a estrela aumentasse de tamanho em relação ao original.

De forma simultânea, esse processo gerou nebulosas planetárias e bolhas vermelhas, que também foram observadas pelos cientistas.

Enquanto as estrelas de massa oito vezes maior do que a do Sol encerram seus ciclos com espetaculares explosões, as de menor massa vivem um processo paulatino de desprendimento de suas camadas exteriores, como é o caso da Pi Gruis.