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Estudo aponta que supernova de Kepler foi causada por fusão de resíduos estelares

Remanescente da supernova de Kepler, descoberta em 1604, é resultado de uma explosão termonuclear da interação de duas estrelas, uma anã-branca e uma gigante vermelha - X-ray: NASA/CXC/NCSU/M.Burkey et al; Infrared: NASA/JPL-Caltech
Remanescente da supernova de Kepler, descoberta em 1604, é resultado de uma explosão termonuclear da interação de duas estrelas, uma anã-branca e uma gigante vermelha Imagem: X-ray: NASA/CXC/NCSU/M.Burkey et al; Infrared: NASA/JPL-Caltech

Santa Cruz de Tenerife (Espanha)

01/08/2018 11h13

Uma equipe internacional de pesquisadores afirma que a explosão que Johannes Kepler observou em 1604 - a supernova de Kepler - aconteceu por uma fusão de dois resíduos estelares, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (1º) pela revista "The Astrophysical Journal".

A supernova de Kepler, da qual atualmente só resta a estrutura nebulosa de seus remanescentes, aconteceu na constelação de Ofiúco, no plano da Via Láctea, a 16,3 mil anos-luz do Sol, e agora a equipe tentou encontrar a estrela que teria sobrevivido do sistema binário no qual aconteceu a explosão, informou em comunicado o Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias (IAC), na Espanha.

Nesses sistemas, quando pelo menos uma das estrelas (a de maior massa) chega ao final da sua vida e se transforma em uma anã branca, a outra pode começar a lhe transferir matéria, fazendo com que ela se aproxime progressivamente de uma certa massa limite (equivalente a 1,44 massas solares, o denominado "limite de Chandrasekhar").

Este processo leva à ignição do carbono no núcleo da anã branca, produzindo uma explosão que pode multiplicar 100 mil vezes o seu brilho original e este fenômeno, breve e violento, é conhecido como supernova.

Em algumas ocasiões, como na supernova de Kepler, observada e identificada pelo astrônomo alemão Johannes Kepler em 1604, o fenômeno pode ser visto da Terra a olho nu.

A supernova de Kepler surgiu da explosão de uma anã branca em um sistema binário e, por isso, neste trabalho de pesquisa, os astrônomos buscaram a possível companheira sobrevivente da anã branca, que supostamente lhe transferiu massa até levá-la ao ponto de explodir.

O impacto dessa explosão teria aumentado a luminosidade e a velocidade da companheira desaparecida e, inclusive, poderia ter modificado sua composição química.

Portanto, a equipe selecionou estrelas com alguma anomalia que lhes permitisse identificar uma delas como a companheira da anã branca que explodiu há 414 anos.

"Buscamos uma estrela peculiar como possível companheira do progenitor da supernova de Kepler e, para isso, caracterizamos todas as estrelas em torno do centro do remanescente da SN 1604, mas não encontramos nenhuma com as caraterísticas esperadas", explicou a pesquisadora que liderou o estudo, Pilar Ruiz, do Instituto de Física Fundamental do Centro Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC).

Por isso, acrescentou Ruiz, "tudo indica que a explosão aconteceu pelo mecanismo de fusão da anã branca com outra ou com o núcleo da companheira já evoluída".