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Ciência no Brasil está desprestigiada, diz ex-ministro Rezende

Rezende comandou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação de 2005 a 2010, no governo Lula - Valter Campanato/Agência Brasil
Rezende comandou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação de 2005 a 2010, no governo Lula Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Em São Paulo

02/06/2016 09h09

A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com a pasta das Comunicações enfraquece a ciência brasileira e compromete o futuro do país, segundo o ex-ministro Sérgio Rezende, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

"A economia de recursos é irrisória, praticamente nula", diz o físico, que comandou o MCTI de 2005 a 2010, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já o desestímulo para se investir em ciência, tecnologia e inovação é enorme, segundo ele, sinalizando "mais uma vez" que o setor não é visto como prioridade.

"Nos últimos dois anos, o orçamento de ciência e tecnologia caiu muito. Vários programas foram interrompidos, congelados, e não acredito que vai haver melhora, porque a situação é ruim e a ciência está desprestigiada", disse Rezende, em entrevista à reportagem.

Ele cita a recente suspensão da Lei do Bem, que permitia a empresas abater do Imposto de Renda os investimentos feitos em inovação. "É um tiro no pé", afirma Rezende. "Quando você não investe em ciência, tecnologia e inovação, você está comprometendo o futuro." O resultado, segundo Rezende, é um ambiente de desânimo que ameaça fomentar a fuga de cérebros para o exterior, além de desestimular a entrada de jovens talentos nas carreiras acadêmicas e científicas.

Um dos grandes problemas na gestão de Dilma Rousseff, segundo Rezende, foi a troca constante de ministros - seis em apenas cinco anos e meio. "Não há como ter continuidade dessa forma." Para ele, uma medida importante do ministro Gilberto Kassab, portanto, seria manter as lideranças das principais agências de fomento da pasta: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E obter recursos para elas. (As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo")