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Mais de 20 cientistas participam de audiência pública sobre células-tronco

da Redação

20/04/2007 20h17

Para os defensores da utilização de células-tronco embrionárias nas pesquisas médicas, a dúvida sobre quando a vida humana se inicia não deveria ser o foco dos debates em torno da lei de Biossegurança, tema de audiência pública realizada nesta sexta-feira no Superior Tribunal Federal (STF), em Brasília.

CÉLULAS-TRONCO
Edson Silva/ Folha Imagem
Médico da USP de Ribeirão Preto e autor de estudo com células-tronco em portadores de diabetes tipo 1, Julio César Voltarelli foi um dos pesquisadores convidados para a audiência pública promovida pelo Superior Tribunal Federal (STJ) nesta sexta-feira, em Brasília
SOBRE VOLTARELLI
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Os cientistas defendem que tais estudos são fundamentais para o tratamento de doenças degenerativas no futuro e constituem um destino nobre para a enorme quantidade de embriões descartados todos os dias em clínicas de reprodução humana em todo o país.

Outra parcela dos pesquisadores enfatiza que a vida humana começa no momento da fecundação, portanto é contra a utilização de embriões congelados para estudos com células-tronco.

De acordo com o médico e pesquisador Luís Eugênio de Moraes Melo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), células embrionárias de camundongos não têm o mesmo comportamento de células-tronco provenientes de embriões humanos. Ele apresentou dados de pesquisas sugerindo que a capacidade de proliferação das células humanas é significativamente maior do que a de células animais.

"As células-tronco adultas envelhecem e sofrem lesões que comprometem sua capacidade regenerativa", explicou ainda Antônio Carlos de Carvalho, doutor em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Já o médico Herbert Praxedes, da Faculdade de Medicina da UFRJ, informou que já foram relatados mais de 146 casos bem-sucedidos de terapias com células-tronco adultas. Como ele, outros cientistas ouvidos pelos ministros do STF acreditam que há alternativas ao uso de embriões humanos. "Eles são formas de desenvolvimento da vida humana e, portanto, merecem ser respeitados", disse.

Mais de 20 especialistas proferiram palestras na audiência pública, que foi conduzida pela presidente do STF, ministra Ellen Gracie, e pelo relator da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a lei de Biossegurança, ministro Carlos Ayres Britto.

Por um dispositivo da lei, é permitido o acesso a embriões congelados por mais de três anos em pesquisas, o que está sendo questionado por uma ação do Ministério Público Federal. O argumento é que a destruição de embriões viola o "direito à vida", assegurado pela Constituição.

O músico Herbert Viana, que ficou paraplégico após acidente em 2001, esteve presente no evento, à convite da neurocientista da Rede Brasil Sarah de Hospitais de Reabilitação, Lúcia Willadino Braga.

Com informações da agência de notícias do STF