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Utilização de células-tronco embrionárias não é indispensável, diz médica

da Redação

20/04/2007 17h58

"Existem alternativas para as pesquisas com células-tronco embrionárias", afirmou a médica e pesquisadora Alice Teixeira Ferreira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em audiência pública no Superior Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira.

A pesquisadora foi uma das cientistas convidadas para falar sobre o uso de células de embriões em estudos para o tratamento de doenças degenerativas. Segundo ela, há trabalhos que comprovam a capacidade da célula-tronco adulta de voltar a assumir sua característica original de célula pluripotente, ou seja, passível de se transformar em diferentes estruturas.

A pesquisadora afirma que as técnicas de preservação de embriões está evoluindo, citando caso registrado em 2005 de uma menina gerada por um embrião após seis anos de congelamento.

Alice também ressaltou a importância de se levar em conta a relação de pais e mães com os embriões cedidos. A mensagem foi reforçada na palestra do biólogo Rogério Pazetti, doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da USP, que informou durante a audiência que acabara de perder o filho com seis semanas de gestação.

Os efeitos colaterais verificados em pesquisas com células de embriões humanos, como o aparecimento de tumores, foram enfatizados na apresentação de vários cientistas nesta sexta-feira, como o médico Hubert Prachedes, professor de hematologia da Universidade Federal Fluminense. "Não há indícios de que os benefícios desse tipo de estudo não possam ser obtidos por outros meios", argumentou.

Dalton Ramos, professor de Bioética da Universidade de São Paulo, também posicionou-se contra os estudos com células-tronco embrionárias. Para ele, dar aos cientistas o poder de julgar se o embrião merece ser considerado humano ou não configura um retrocesso para a humanidade, referindo-se a fatos históricos como o nazismo.