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Portadores de Aids ou hepatite podem ter filhos?

da Redação

11/05/2007 18h06

Vítimas de doenças infecciosas crônicas, como Aids e hepatite C, podem ter filhos? A evolução das técnicas de reprodução assistida nos últimos anos tem possibilitado a muitos casais realizar o sonho de gerar filhos sadios, mas os riscos da chamada transmissão vertical variam a cada caso e, por isso, devem ser avaliados com os médicos.

Alguns fatores precisam ser considerados, como carga viral, tipo de agente patológico e sexo do portador, conforme explica o ginecologista Caio Parente Barbosa, chefe do setor de Reprodução Humana da Faculdade de Medicina do ABC. A instituição inaugurou no início deste ano um laboratório especializado em pacientes com doenças virais crônicas, o Crase (Centro de Reprodução Assistida em Situações Especiais).

No caso da Aids, a transmissão vertical pode chegar a 25%. Condutas como a terapia medicamentosa para mãe e bebê, além da opção pela cesárea seletiva, podem reduzir a taxa de infecção pelo HIV para cerca de 1,5%, segundo o especialista. O aleitamento natural também deve ser evitado.

Quando o futuro pai é portador do vírus HIV e a mulher não, o procedimento adotado é a chamada lavagem seminal. Uma centrífuga permite que os espermatozóides infectados sejam separados dos sadios, para então serem inseminados ou tratados conforme a técnica de reprodução utilizada.

Hepatite

O vírus da hepatite C, que acomete cerca de 3% da população mundial, tem sido outro dilema para os especialistas, já que não existe vacina contra esse tipo de microorganismo, ao contrário do que ocorre com os vírus das hepatites A e B.

O risco de transmissão vertical varia de 0,16% a 6,7% e está diretamente relacionado à carga viral materna. Enquanto a quantidade de vírus não for reduzida com os medicamentos disponíveis, as técnicas de reprodução assistida são contra-indicadas para a mulher, pois os indutores de ovulação afetam a função hepática.

Quando há associação entre os vírus da hepatite C e o HIV, o que não é incomum, o risco de transmissão chega a 40%, o que contra-indica a gravidez.

A transmissão da hepatite B também deve ser avaliada com cuidado, apesar da infecção ser menos freqüente e prevenida com vacina. "Quando o homem é portador do vírus, a lavagem seminal não impede a contaminação do bebê e, nos recém-nascidos, a doença pode ser fatal", afirma o especialista.

Vírus HTLV

A existência de infecção pelo vírus HTLV, menos conhecido, é outro fator que deve ser observado por quem pretende ter filhos, já que esse microorganismo está associado à leucemia. Estima-se que no Brasil existam 2 milhões de portadores, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Segundo pesquisas internacionais, a taxa de transmissão pode chegar a 25%.

O médico também ressalta que casais com infecções crônicas devem receber assistência psicológica adequada durante todo o processo de reprodução assistida, já que a ansiedade em relação ao procedimento se intensifica quando há possibilidade de transmitir alguma doença para a criança.
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