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Mais de 80% dos alimentos para celíacos contêm glúten, mostra estudo

da Redação

16/05/2007 12h14

Pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que 83% dos alimentos destinados a quem sofre de doença celíaca vendidos em padarias estão contaminados com glúten.
 

Vera Gonçalvez/Folha Imagem
Para os celíacos, alimentos como o pão francês devem ser eliminados da diet

O levantamento foi feito em mais de 60 estabelecimentos da cidade de São Paulo, com 214 produtos que, em teoria, deveriam ser isentos da proteína, como pães de queijo, brigadeiros e biscoitos de milho. Ainda de acordo com a pesquisa, 63% deles continham quantidades acima do limite proposto por órgãos internacionais.

Estima-se que 4 milhões de brasileiros sejam portadores da doença celíaca, tipo de intolerância alimentar que exige a abstinência produtos que contêm farinha de trigo, aveia, centeio, cevada e malte.

Para os celíacos, qualquer alimento com glúten pode ser uma bomba-relógio. Segundo a nutricionista Daniela Resende de Moraes Salles, autora de tese de mestrado sobre o assunto, os efeitos colaterais podem incluir diarréia crônica, vômitos, anemia, inchaço abdominal e perda de peso. A longo prazo, o portador pode desenvolver osteoporose e câncer de intestino.

Nas crianças, o consumo da proteína pode afetar o crescimento. Em uma revisão realizada com prontuários de pacientes de 9 meses a 15 anos da Unifesp, o consumo de glúten fez com que as crianças apresentassem crescimento 3,5 vezes menor que as que seguiram corretamente a dieta.

Contaminação

A inclusão da proteína nos produtos nem sempre é culpa dos estabelecimentos. Vera Lucia Sdepanian, chefe do ambulatório de gastroenterologia pediátrica e orientadora do trabalho, explica que a contaminação pode ocorrer em diferentes etapas da fabricação, desde a colheita da matéria-prima até o empacotamento.

Para a autora da tese, a opção para os portadores da doença celíaca ou seus familiares é preparar os alimentos em casa, a partir das orientações de médicos e nutricionistas.

Com informações da Unifesp