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Lula defende aprovação no STF do uso de embriões nas pesquisas com células-tronco

Diogo Pinheiro<br>De Campinas

04/03/2008 15h05

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta terça-feira, durante inauguração da nova sede da Embrapa em Campinas (SP), a utilização de embriões nas pesquisas de células-tronco.



"Eu sou favorável à aprovação das células-tronco, porque o mundo não pode prescindir de um conhecimento científico que pode salvar a humanidade de muitas coisas", afirmou o presidente. "Mas eu não posso formar expectativa quando a Suprema Corte se reúne. Cada ministro é bem preparado para votar", acrescentou.

Arquivo Folha Imagem
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Onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem votar, nesta quarta-feira, a ação de inconstitucionalidade movida pelo ex-procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, contra a Lei de Biossegurança, aprovada em 2005.

Pela regulamentação, podem ser utilizados em pesquisas os embriões que estejam congelados há três anos ou mais, desde que haja autorização dos genitores. A lei também veta a comercialização do material biológico. De acordo com o então procurador-geral da República, a lei é inconstitucional porque fere o direito à vida.

Na semana passada, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também afirmou ser favorável às pesquisas com células-tronco embrionárias. Para ele, a proibição desses estudos irá levar o país para uma era de "obscurantismo e atraso".

Argumentos

Parte dos cientistas alega que milhões de pessoas portadoras de doenças dependem da pesquisa com células-tronco embrionárias. Para eles, a questão não é discutir quando a vida começa, mas o que fazer com os milhares de embriões congelados nas clínicas de reprodução humana que não são mais viáveis para implantação.

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"Quando aceitamos a fertilização in vitro, aceitamos a polêmica dos embriões descartáveis. A pergunta é por que só agora isso virou uma enorme polêmica?", questiona Lygia Veiga Pereira, chefe do Laboratório de Genética Molecular do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo). A pesquisadora afirma que está otimista em relação à decisão do STF.

Para os especialistas contrários ao uso de embriões, pesquisas recentes mostram que é possível reprogramar células-tronco adultas para que se tornem pluripotentes. Segundo Claudia Batista, professora do instituto de ciências biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e especialista em células-tronco neurais, a célula embrionária é muito difícil de ser controlada, por isso há risco de desenvolvimento de tumores. "Já as células-tronco adultas, quando induzidas, podem ser manipuladas com maior segurança e sem risco de gerar rejeição", diz.

O julgamento no STF pode durar até dois dias e há a possibilidade de adiamento, caso algum ministro peça vista do processo.