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Câncer de mama deve atingir cerca de 50 mil mulheres neste ano; saiba como prevenir

Ana Sachs<br>Da Redação

07/03/2008 12h34

Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, há pouco o que se comemorar em termos de combate ao câncer de mama no Brasil. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), devem surgir 49.400 novos casos da doença no país em 2008, uma média de 51 casos a cada 100 mil mulheres. Desses, aproximadamente 9 mil devem resultar em morte da paciente.

Tantas mortes ainda acontecem no Brasil porque, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, cerca de 50% dos casos da doença são detectados em estágio avançado. Porque isso acontece tem diversas explicações, segundo o mastologista Luiz Henrique Gebrim, diretor do hospital Pérola Byington, em São Paulo, e membro Sociedade Brasileira de Mastologia.

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A primeira delas é a falta de mamógrafos no Brasil. Esse equipamento de raio X utilizado para examinar os seios ainda é a forma mais eficaz de detectar precocemente a doença. "A cada mil mulheres com mais de 50 anos submetidas ao exame, seis têm câncer", aponta Gebrim. De acordo com o médico, os mamógrafos que existem são ainda subutilizados e mal distribuídos entre as regiões do país. "Há locais que fazem apenas duas mamografias por dia, quando o ideal seria 60", apontou.

A falta de um trabalho conjunto que atenda a mulher durante as várias etapas do tratamento de câncer de mama também contribui com o alto índice de mortalidade. "É preciso um trabalho conjunto de especialistas, exames de mamografia e atendimento cirúrgico para tratar o câncer de mama", apontou o médico.

AUTO-EXAME NOS SEIOS
Arte UOL
A prática é importante para que a mulher conheça o seu próprio corpo e detecte possíveis alterações, mas não substitui os exames clínicos
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Segundo ele, isso faz com que mulheres das regiões Norte e Nordeste, na falta de atendimento adequado em seus locais de residência, procurem hospitais em outras regiões do país. "Cerca de 40% das pessoas que se tratam no Hospital Pérola Byington são de fora do Estado. Vêm pessoas até de países como a Bolívia".

Mas, se por um lado, a melhor situação socieconômica das regiões Sudeste e Sul do país oferece mais condições de tratar a doença, ela também, ironicamente, aumenta sua incidênica. A estimativa do Inca é de que apareçam 68 e 67 casos novos por 100 mil mulheres, respectivamente, nessas regiões neste ano. O número decresce nas demais regiões do país: Centro-Oeste (38 por 100 mil), Nordeste (28 por 100 mil) e Norte (16 por 100 mil).

"Nessas regiões, as melhores condições socioeconômicas fazem com que as pessoas vivam mais. E a probabilidade de desenvolver câncer aumenta com a idade", disse. Fatores como vida sedentária e má alimentação, comum nas grandes cidades, também contribuem para esses números.

Risco e sintomas
A idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco para o câncer de mama. As taxas de incidência da doença aumentam rapidamente a partir dos 50 anos, fase da vida que, em geral, as mulheres já atingiram a menopausa.

Mulheres com histórico familiar da doença em parentes de primeiro grau, que tiveram menstruação precoce, menopausa tardia (após os 50 anos de idade), ficaram grávidas depois dos 30 anos ou não tiveram nenhum filho constituem também um grupo de risco para o câncer de mama.

Na maioria dos casos, a doença não apresenta dor, o que, segundo Gebrim, dificulta seu diagnóstico. "No Brasil, as pessoas têm uma cultura de ir ao médico só quando sentem dor. Como não dói, é apenas um caroço, a mulher não dá tanta importância". Alterações na pele que recobre a mama também merecem atenção.

Prevenção
Para Gebrim, as campanhas contra o câncer de mama ajudam a prevenir a doença, mas pecam em um ponto básico: apresentam como "garotas-propaganda" mulheres muito jovens. "Isso faz com que mulheres jovens corram fazer os exames, quando o grupo de maior risco são as mulheres com mais de 50 anos".

As formas mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico da mama feito por um médico e a mamografia. O auto-exame dos seios também é importante para que a mulher possa conhecer o seu próprio corpo e detectar possíveis mudanças nos seios, mas não substitui os exames clínicos.

O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos façam o exame de mamografia no mínimo a cada dois anos. Já as mulheres entre 40 e 49 anos devem fazer o exame clínico das mamas anualmente. Mulheres com histórico familiar de câncer de precisam realizar o exame clínico dos seios e a mamografia anualmente a partir de 35 anos.