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Violência impede postos de saúde do Rio de funcionar 24 horas por dia, diz secretário

Isabela Vieira<BR><br/> Da Agência Brasil

03/04/2008 14h18

A prefeitura do Rio de Janeiro não tem como manter abertos 24 horas por dia os postos de saúde da cidade, conforme determinou a Justiça Federal ontem (2). Segundo o secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, a decisão esbarra na questão da violência.

"Abrir um posto dentro de uma comunidade que você não consegue alcançar, quem vai? Qual será a necessidade de abrir? Nós cumprimos o que podemos", disse Kligerman, durante inauguração de parte do Hospital de Acari, que receberá pacientes com dengue.

Os primeiros médicos de outros Estados que reforçarão o atendimento no sistema de saúde do Rio de Janeiro começam a chegar ao estado na próxima segunda-feira (7). Eles atendem o pedido do secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, que solicitou cerca de 150 profissionais para ajudar no combate à epidemia de dengue.
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Além da questão da violência, acrescentou o secretário, os postos de saúde não têm condições de receber, nos fins de semana, casos graves de pacientes com tuberculose e asma, por exemplo. "[Os postos] estão preparados, mas para procedimentos mais complexos não são adequados. Vai-se colocar em risco a população, os médicos e atendentes. Enfim, temos que ter um pouco de clarividência e responsabilidade pública."

Kligerman não disse se vai recorrer da decisão da Justiça. Ele informou que a sentença foi encaminhada à Procuradoria Geral do município, que decidirá sobre o assunto.

Ainda segundo o secretário, devido à letalidade da doença, "não pela liminar", o horário de atendimento dos postos será ampliado. A partir do próximo fim de semana, 91 unidades abrirão aos sábados e 17 aos domingos, atendendo das 7h às 17h. Outras seis funcionarão 24 horas.

Ontem (2) a juíza federal Regina Coeli Medeiros determinou, liminarmente, a abertura dos postos durante todo o dia e noite, inclusive, nos finais de semana. A multa para o não cumprimento da medida é de R$ 10 mil por dia, a ser paga pelo próprio secretário municipal de Saúde, pelo secretário estadual, Sérgio Côrtes, e pelo representante do Ministério da Saúde no Rio.