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Primeiros sintomas da gripe podem ser confundidos com os da dengue

Da Redação

24/04/2008 11h13

Entre os dias 26 de abril e nove de maio, acontece em todo o país a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso. Neste ano, a meta é vacinar 80% das pessoas com 60 anos ou mais contra a gripe. O objetivo é reduzir os casos da doença e as complicações e óbitos dela decorrentes.

Os primeiros sintomas da gripe, causada pelo vírus influenza, são muito semelhantes ao da dengue clássica. "Ambas são doenças febris agudas de início súbito", explica Nancy Cristina Junqueira Bellei, infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Além da febre alta, são sintomas comuns às duas doenças dores nos músculos e na cabeça, além de fadiga. "No primeiro dia de manifestação, é muito difícil para o paciente distinguir o que tem", avalia Luiz Jacintho da Silva, infectologista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Por isso, os especialistas são unânimes em recomendar que, ao aparecerem os primeiros sintomas, a pessoa deve procurar assistência médica para realização do diagnóstico, especialmente nas áreas onde há epidemias de dengue, como o Rio de Janeiro.

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Diferenças

A medida que as doenças avançam, surgem manifestações que as diferenciam. A partir do segundo dia de gripe, começam a aparecer sintomas respiratórios, como tosse, coriza e dor de garganta. "A possibilidade de o paciente com dengue apresentar sintomas respiratórios é muito baixa", afirma Bellei.

Calafrios, suor excessivo e indisposição também acometem a pessoa com gripe. Já em casos de dengue clássica, são relatadas náuseas, vômito e manchas avermelhadas pelo corpo. A dor de cabeça na dengue é localizada geralmente atrás dos olhos, enquanto na gripe é mais difusa.

"Nem sempre a pessoa apresenta todos os sintomas", ressalta Benedito Antônio Lopes da Fonseca, infectologista da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. Por isso, é importante que o diagnóstico seja feito por um médico.

Muitas vezes, a gripe é confundida também com outras viroses respiratórias. Mas, segundo Bellei, seus sintomas são mais intensos e persistentes, como febre alta, muita dor no corpo e sensação de cansaço. O resfriado, por exemplo, causa febre mais baixa e tem predominância de manifestações nas vias aéreas superiores.

Se nos casos de dengue é preciso atenção para evitar desidratação e evolução para dengue hemorrágica e choque, nos de gripe a preocupação é quanto ao prolongamento ou complicação do quadro, que pode evoluir para uma pneumonia.

De acordo com Bellei, um sinal de alerta na gripe é quando a febre cessa e reaparece por volta do quinto dia. Nesses casos, deve-se procurar novamente um médico.

Diagnóstico

Para a realização do diagnóstico, tanto de dengue quanto de gripe, o médico faz exames físicos e um levantamento histórico do paciente. São levadas em consideração informações como a presença de alguma epidemia na região, o contato com outras pessoas doentes e a época do ano em que os sintomas aparecem.

As maiores taxas de acometimento pela gripe são registradas nas regiões do país com clima mais frio e seco e nos meses do ano com essas características (do final de abril ao começo de setembro). Já o vírus da dengue circula principalmente nos meses quentes e úmidos, com picos da doença registrados geralmente nos meses de março e abril.

Contagem de plaquetas e leucócitos, bem como medição da pressão arterial e prova do laço, também são feitas em caso de suspeita de dengue. Mas a confirmação se dá apenas por meio do isolamento viral ou da sorologia.

Já para a gripe, a confirmação acontece por meio de exames laboratoriais de sangue e de secreções respiratórias. Contudo, esses exames são realizados com pouca freqüência e não são cobertos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Bellei salienta que o paciente não deve fazer uso de antibióticos, automedicar-se ou pedir indicação de medicação na farmácia. "Se a gripe é diagnosticada nas primeiras 48 horas de manifestação, há tratamento com um antiviral", explica Fonseca. Apenas o médico está habilitado para fazer o diagnóstico e receitar o tratamento mais adequado em cada caso.

"A aspirina não deve ser usada em casos de suspeita de dengue, gripe ou de outra doença viral", enfatiza Silva. O ácido acetilsalicílico ministrado para pessoas com infecções virais está associado à Sindrome de Reye, doença rara que atinge o fígado e o cérebro e pode ser fatal.

Imunização

"A vacina é a melhor maneira de se evitar a gripe", aponta Silva. Segundo o Ministério da Saúde, estudos indicam que a vacina contra o vírus influenza reduz em mais de 50% os casos de doenças relacionadas à gripe nos idosos.

Segundo Silva, as reações adversas decorrentes da vacina, quando aparecem, são muito leves, como dor no local da aplicação e, em poucos casos, dor no corpo e febre. O infectologista informa também que a imunização não aumenta o risco de contágio pela dengue.