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Pequenos jardineiros podem ajudar a espalhar espécies invasoras

Henry Fountain<br>The New York Times

05/05/2008 17h28

As formigas cortadeiras são os jardineiros do mundo dos insetos, cultivando fungos nos pedaços de folhas que carregam até o ninho. E como seus parceiros humanos, as formigas tem de lidar com o lixo de jardinagem. Depois que o fungo é colhido e usado como alimento pela colônia, as cortadeiras frequentemente desfazem-se dos restos em pilhas.

Locais de despejo como esses podem parecer inofensivos e até benéficos, equivalentes a adubo composto de jardim. Mas pesquisadores da Argentina relatam que essas pilhas de refugo orgânico podem contribuir para o alastramento de espécies de plantas invasoras.

Alejandro G. Farji-Brener e Luciana Ghermandi, da Universidade Nacional de Comahue, estudaram a abundância e o crescimento de duas espécies de espinhos não-nativos nas estradas de um parque nacional no norte da Patagônia. Colônias de beira de estrada são abundantes na região, talvez pela existência de grandes extensões de solos descobertos para estabelecer os ninhos das rainhas.

Os pesquisadores descobriram que as pilhas de refugo têm nove vezes mais nutrientes que os solos normais, distantes dos ninhos. Esses nutrientes possibilitaram que os espinhos se desenvolvessem: as plantas estão florescendo seis vezes mais nas pilhas do que em qualquer outro lugar, as mudas estão mais fortes e as plantas adultas produziram mais de três vezes o número normal de sementes. As descobertas foram relatadas em The Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.

Esperava-se que as próprias formigas controlassem os espinhos - afinal de contas, as plantas são uma pronta fonte de folhas, crescendo perto da colônia. Mas os pesquisadores notaram que as cortadeiras evitam os seus próprios depósitos de lixo, que podem abrigar micróbios nocivos. Assim, é trabalho dos humanos controlá-los - e os pesquisadores sugerem várias etapas, incluindo a redução das margens das estradas, para fazê-lo.