Topo

Estudo avalia o perfil de voluntários em pesquisas médicas no Rio de Janeiro

Da Redação

10/10/2008 17h44

O que faz uma pessoa participar de um experimento médico? A esperança de resolver seu problema de saúde com um remédio mais moderno? O desejo de colaborar com a ciência? Ou, simplesmente, a possibilidade de acesso gratuito a tratamentos e centros de referência?

Se você escolheu a terceira opção, pode estar enganado. Pelo menos é o que indica um levantamento feito no Rio de Janeiro. Ainda que restrito - conta com apenas 100 integrantes de uma só cidade -, a pesquisa mostra que 59% dos voluntários em pesquisas clínicas querem saber mais sobre a própria doença e, 47%, pensam em beneficiar outras pessoas no futuro.

Receber medicamentos e exames de graça foi a motivação de 16%, e 21% afirmaram que a decisão de participar de um estudo foi tomada pela dificuldade em se conseguir atendimento médico.

Os resultados foram colhidos a partir de questionários respondidos por pacientes de uma clínica particular da capital fluminense. Eram todas mulheres na menopausa, que participavam de testes com um medicamento para osteoporose, como afirma o pesquisador Luis Augusto Tavares Russo, diretor da Associação de Pesquisa Clinica do Brasil (APCB).

O perfil, publicado na edição nº 13 da revista "Ciência e Saúde Coletiva", será apresentado por Russo neste fim de semana no 3º Simpósio da APCB, na Academia Nacional de Medicina, no Rio.

A principal faixa de renda salarial dos participantes (48%) foi de dois a cinco salários mínimos. Trinta por cento têm ganhos de R$ 1.750 e a maioria (66%) concluiu pelo menos até a 4º série do ensino fundamental.

Quase todas as entrevistadas (91%) disseram que voltariam a participar de estudos e que foram bem informadas sobre os benefícios e riscos que correriam durante a investigação por meio do TCLE, o termo de consentimento que é preciso assinar antes de integrar uma pesquisa.

Para Russo, os resultados derrubam o mito de que o sujeito voluntário de pesquisa, no país, é pouco instruído ou vulnerável. "Talvez em outros Estados o resultado seja diferente e a idéia é que se consiga, no futuro, uma amostragem nacional", sugere. A partir disso, ele espera, será possível derrubar o preconceito que ainda existe em relação ao assunto.
Mais
EUA decidem não seguir mais regras em pesquisas fora de casa