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Camisinha não pode ficar muito tempo no bolso ou na carteira

Quanto tempo faz que aquele pacotinho de camisinha está guardado? - Getty Images
Quanto tempo faz que aquele pacotinho de camisinha está guardado? Imagem: Getty Images

Marina Almeida

Especial para o UOL Ciência e Saúde

17/10/2008 18h00

É a data de validade das camisinhas que garante sua segurança e eficácia. Como qualquer produto fabricado com borracha natural, os preservativos, que são feitos de látex, perdem suas propriedades físicas ao longo do tempo e podem romper-se com mais facilidade depois de vencidos.

"Ainda assim, é melhor usar um preservativo que passou da data de validade do que não se prevenir", alerta Maria Cristina Bó. A pesquisadora - que defendeu tese de doutorado sobre o tema no Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que normalmente as camisinhas são fabricadas com uma margem de segurança para seu uso por algum tempo após seu vencimento. Em geral, a validade dos preservativos varia de três a cinco anos e, após abertos, eles devem ser utilizados imediatamente.

Além dos maiores riscos de transmissão da Aids, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's) e da gravidez indesejada, a utilização incorreta do produto pode abalar a confiança na eficácia do método preservativo, trazendo como conseqüência a diminuição de seu uso e aumentando os riscos de doenças, ressalta Maria Cristina.

Fátima Martins Leone, engenheira química da diretoria de qualidade do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), lembra ainda que, enquanto o preservativo estiver na data de validade, o fabricante é o responsável pelo produto e por eventuais problemas do consumidor.

Cuidados

Na prática, a vida útil e a segurança do preservativo podem diminuir se alguns cuidados não forem tomados - mesmo que o prazo de validade ainda não tenha vencido.

Deve-se proteger o produto da exposição ao calor, à umidade e à luz. "Eles não devem ser guardados no porta-malas de um carro durante o dia, por exemplo", explica Fátima. Isso porque o látex dos preservativos se degrada em altas temperaturas e suas características físicas são alteradas. Seguir as instruções de uso do produto e abri-lo apenas no momento em que será utilizado são outras recomendações da engenheira.

Não dobrar, torcer nem amassar as camisinhas também é um cuidado importante para a garantia de sua qualidade. Para evitar que os preservativos sofram alterações, eles não devem ser deixados por muito tempo no bolso ou na carteira, sugere Maria Cristina. Ela também ressalta que devem ser utilizados apenas preservativos com o selo do Inmetro e orienta o consumidor a escolher, sempre que possível, as camisinhas com a data de fabricação mais recente.

Certificação

O Brasil é um dos poucos países que adota a certificação compulsória para preservativos, ou seja, todas as marcas de camisinhas disponíveis no país passam por uma avaliação da qualidade do produto antes de serem vendidas ao consumidor ou distribuídas pelo Ministério da Saúde. Além disso, o Inmetro faz auditorias em que analisa amostras dos produtos disponíveis no país para verificar se eles cumprem todas as exigências de qualidade e segurança dentro de seu prazo de validade.

"No geral, a qualidade dos produtos oferecidos hoje é boa", diz Fátima. Nas avaliações, são analisados fatores como vazamento, pressão e volume de estouro, dimensões (espessura, comprimento e largura) do preservativo, além da integridade da embalagem.

Na pesquisa de Maria Cristina, todos os produtos analisados atingiram a vida útil pretendida na temperatura média do Rio de Janeiro, cerca de 30ºC. "A qualidade dos preservativos tem crescido graças ao avanço das tecnologias de fabricação, ao controle da qualidade e à melhoria das normas de padronização dos produtos", explica. "O maior risco é não usar o preservativo", enfatiza.