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Após interdição, HU de Londrina reabre e vira referência para pandemia de gripe suína

Por Marcos Cesar Gouvea<br>De Londrina

29/04/2009 16h12

O Hospital Universitário Regional Norte do Paraná (HU), de Londrina, foi apontado pelo Ministério da Saúde como um dos quatro hospitais de referência no Paraná para uma eventual Pandemia de Influenza.

O HU acaba de sair de uma crise que culminou com o fechamento do seu Pronto Socorro e duas alas de Unidade de Terapia Intensiva apóa a "colonização" de pacientes da UTU pela resistente bactéria Klebsiella pneumoniae. O PS e uma ala da UTI serão reabertos na manhã desta quinta-feira.

Além do HU, hospital escola da Universidade Estadual de Londrina (UEL), estão listados o Hospital de Clínicas (HC) e o Hospital do Trabalhador (HT), em Curitiba; e o Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz doIguaçu.

Nesta terça-feira (28), o diretor superintendente do HU Francisco Eugênio Alves de Souza disse que o hospital, que já foi listado em anos anteriores por ocasião das crises da gripe asiática e da gripe aviária, terá uma unidade específica com dez leitos para receber eventuais pacientes da influenza.

Klebsiella pneumoniae controlada

O HU não está ás voltas com uma "superbactéria", mas com uma bactéria muito resistente à maioria dos antibióticos, a Klebsiella pneumoniae, que "colonizou" onze pacientes, mas não desenvolveu nenhuma infecção. Foi o que garantiu ontem a microbiologista Márcia Regina Eches Perugini, integrante da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HU.

A bactéria chegou no dia 18 ao HU através de um paciente de 17 anos que esteve internado em Goiás após um acidente e que já recebeu alta. Trazido para Londrina, ele passou mal num avião comercial e foi levado com um cateter para o HU. Ele desenvolveu uma infecção na corrente sanguínea e deu positivo para a Klebsiella pneumoniae nos testes preventivos de rotina do hospital. No entanto, os testes não foram rápidos o suficiente para evitar a colonização em outros pacientes da UTI.

Até esta terça-feira, onze deles permaneciam isolados, com a bactéria nos intestinos, mas sem desenvolver infecções. Internados no Pronto Socorro também foram isolados e testados - o paciente "índice" chegou via PS - mas deram negativo.

Perugini explica que a bactéria do gênero Klebsiella tem várias espécies. E que a espécie detectada no HU é a pneumoniae. O primeiro caso descrito da espécie foi na Carolina do Norte, EUA, em 1999.

Segundo a microbiologista, a bactéria é tratada com carbapenemos, antibióticos muitos potentes usados para combater infecções. "À medida que os carbapenemos passaram a ser muito utilizados, o uso contínuo desenvolveu resistência nas bactérias. No primeiro caso relatado 1999 na Carolina do Norte, a Klebsiella pneumoniae já aparece como uma espécie resistente à maioria dos antibióticos disponíveis".

No Brasil, o primeiro caso, segundo ela, foi no Rio de Janeiro, caso publicado agora em 2009, mas detectado, com cepas enviadas para estudos, por dois hospitais do Rio do Rio de Janeiro, um em 2007 e outro em 2008. "São Paulo também tem a bactéria, em grandes hospitais, mas não foi publicado ainda", diz ela.