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Vírus são altamente eficientes do ponto de vista da evolução, diz médico

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em São Paulo

08/05/2009 22h00

Do ponto de vista da evolução, vírus são de uma eficiência invejável. Com facilidade para sofrer mutações, esses micro-organismos são capazes de sair de um animal e se reproduzir dentro de outro com extremo sucesso. Essa é a razão pela qual os vírus são protagonistas de boa parte das epidemias que marcaram o mundo, como a atual gripe A (H1N1).

Autor do livro "História da Humanidade Contada Pelos Vírus" (Ed. Contexto), o infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, explica que as doenças mais letais para o ser humano conhecidas até hoje surgiram com a domesticação de animais. "Hoje, com estudos de DNA, sabemos que o sarampo nasceu de um vírus mutante do gado, assim como a Aids, de um vírus do chimpanzé", explica.

Conforme o homem passou a criar diferentes espécies em um mesmo espaço, micro-organismos inócuos para certos bichos passaram a infectar outros, mais suscetíveis. Além disso, com a globalização, a chance de agentes patológicos viajarem para cantos opostos do planeta torna constante o risco de uma pandemia.

Piores casos

Desde o início do século 20, a humanidade experimentou três grandes pandemias causadas pelo vírus influenza. A "gripe espanhola", de 1918, foi a pior delas. Pelo menos 40 milhões de pessoas morreram num período de 18 meses, e a epidemia passava de uma comunidade a outra em ondas. O vilão era o influenza A H1N1.

Em 1957, cerca de 2 milhões de pessoas morreram no mundo em consequência da doença, originada na China e batizada de "gripe asiática". A doença era causada pelo vírus A H2N2.

A última grande pandemia aconteceu em 1968, quando o vírus H3N2 ("gripe de Hong Kong") matou cerca de 1 milhão de pessoas no mundo.

Essas três epidemias entrariam na escala de alertas da OMS como "nível 6", ou seja, o pior cenário possível.

Apesar de não ter havido nenhuma pandemia de gripe após 1968, houve desde então várias ameaças. Nos últimos anos, vários países se prepararam para uma possível propagação do vírus da gripe aviária, cujos primeiros casos foram registrados em 1997. Mas o alerta nunca passou do nível 4, pois, na grande maioria dos casos, a contaminação ocorreu por contato com aves infectadas (e não entre humanos).

A atual gripe suína está no nível 5; se a transmissão continuada entre humanos verificada no México e no EUA se repetir em outro continente, a OMS pode elevar o alerta. Apesar de todos os temores, Ujvari afirma que não há motivo para pânico. "A doença não está se mostrando tão letal", diz.

*Com informações da Reuters e da BBC Brasil