Topo

Caracol pega carona de animais para subir a correnteza

Henry Fountain<br>The New York Times

05/06/2009 19h55

No Pacífico Sul, existe uma espécie de caracol que ignora o aviso sobre os perigos de se pedir carona: jovens espécimes viajam nas costas de parentes maiores para migrar rio acima.

Yasunori Kano, da Universidade de Miyazaki, no Japão, observou o comportamento de espécimes de Neritina asperulata nas Ilhas Salomão e Vanuatu. Caracóis jovens, cada um com cerca de um oitavo de polegada, ficavam presos às conchas de N. pulligera sub-adultos, que têm aproximadamente uma polegada de comprimento.

Os N. asperulata nascem na água doce, mas ainda no estágio larval são arrastados pela corrente até o oceano. Eles precisam migrar rio acima, muitas vezes chegando a cinco milhas ou mais. Montar nas costas de um caracol maior aumenta as chances de sucesso, por acelerar a migração, mesmo que ainda levem de um a dois anos para percorrer 2,5 milhas, descreve Kano em um artigo na Biology Letters. O comportamento também pode oferecer alguma proteção contra predadores.

Mesmo sendo notório que os jovens de outras espécies de caracóis também se prendam às costas de caracóis maiores, conta Kano, nesses casos o comportamento parece ser opcional - existem inúmeros jovens livres vivendo por aí. O N. asperulata, por outro lado, pega a carona por necessidade. Kano escreve que, até onde ele sabe, este é o primeiro caso relatado de uma carona que "passa o custo da migração a outro organismo enquanto obtém o benefício".