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Alimentação é aliada no combate à dor crônica, diz nutricionista

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em São Paulo

06/06/2009 08h00

A alimentação adequada pode ser um remédio para quem sofre de doenças crônicas como a fibromialgia, condição caracterizada por dores musculares e articulares generalizadas e que afeta de 2% a 4% da população, especialmente mulheres. Isso ocorre porque certos nutrientes são responsáveis pela síntese dos neurotransmissores (mensageiros cerebrais) associados à sensibilidade à dor e à sensação de bem-estar.

Arquivo Folha Imagem
O triptofano, presente em alimentos como leite, banana, peru e outras carnes, atua na síntese da serotonina, substância ligada ao bem-estar e à sensibilidade à dor
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Quem afirma é a nutricionista Camila Próspero, do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, que já presenciou a melhora de muitas mulheres com fibromialgia que receberam orientação nutricional em paralelo aos tratamentos convencionais para a doença.

Ela explica que um dos itens que não podem faltar no prato de quem sofre de dor crônica é o triptofano, aminoácido responsável pela síntese de serotonina. Ele é encontrado em alimentos como carnes magras, leite desnatado e banana.

Outro elemento importante nesse processo é o carboidrato. "É recomendável que 50% a 60% da ingestão calórica diária seja composta por carboidratos, presentes nas frutas, pães, batata e cereais, de preferência os integrais", diz. O açúcar pode até provocar uma sensação imediata de energia, mas o pico nos níveis de glicose no sangue depois leva à sensação de fadiga e moleza.

A nutricionista também recomenda a ingestão de alimentos ricos em magnésio (como espinafre, soja, caju, aveia e tomate), ácido fólico (laranja, maçã e folhas verdes), cálcio (leite, iogurte e queijos magros) e selênio (castanhas, nozes, atum e semente de girassol).

Vale lembrar que o efeito desses nutrientes não é imediato e a alimentação é apenas um dos pilares do tratamento. No caso de quem sofre de fibromialgia, comer adequadamente ainda é útil para combater o excesso de peso: "É comum os pacientes engordarem por causa dos remédios, ou pela falta de atividade física induzida pela dor", comenta a especialista.

A doença não tem uma causa definida. Pode ser provocada por distúrbios infecciosos, reumatológicos, neurológicos e mesmo psiquiátricos, como distúrbios de ansiedade. O tratamento é multidisciplinar e engloba medicamentos como antidepressivos e analgésicos, além de psicoterapia e atividade física.

Ainda que seja difícil começar, o exercício é uma arma eficiente para o alívio da dor, como ressalta a fisioterapeuta Vivian Domit Pasqualin, do Grupo de Apoio ao Paciente com fibromialgia de Curitiba. "A atividade deve ser lenta e de curta duração, no início, mas precisa ser diária", ressalta.

"O exercício físico, especialmente o aeróbico, promove o aumento do fluxo sanguíneo e o relaxamento dos músculos, além de melhorar o sono e diminuir o peso do paciente, reduzindo a sobrecarga nas articulações", explica a fisioterapeuta. Em geral, ela indica cinco minutos diários de caminhada leve no início, e o tempo é aumentado progressivamente. Aos poucos, exercícios de alongamento e atividades passam a integrar o programa.