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Estudo mostra que 20% das gestantes brasileiras têm depressão ou ansiedade

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em São Paulo

26/06/2009 16h30

Um estudo com 831 grávidas brasileiras da rede pública revela um dado preocupante: 20% delas apresentam sintomas de depressão ou ansiedade. Os pesquisadores da Universidade de São Paulo avaliaram mulheres entre o 5º e o 7º mês de gestação, atendidas nas Unidades Básicas de Saúde da região oeste de São Paulo.

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UOL GRAVIDEZ E BEBÊS
Eles constataram que os sintomas, além de muito frequentes, causam prejuízo às atividades diárias das mulheres. "Infelizmente, a depressão e a ansiedade são pouco diagnosticadas pelos médicos e profissionais de saúde, ainda que existam evidências de que isso pode ter impacto adverso para a evolução da gravidez, resultando, por exemplo, em maior número de bebês prematuros e de baixo peso", comenta o ginecologista Alexandre Faisal, um dos autores da pesquisa e autor de um blog no UOL Ciência e Saúde. "Isso sem contar os efeitos sobre o bem-estar psicológico da futura mãe, já que depressão na gravidez associa-se com depressão pós-parto", acrescenta.

O estudo, publicado no periódico "Archives of Women's Mental Health", mostra que o problema está associado tanto a fatores sócio-econômicos, como desemprego, número maior de pessoas no mesmo domicílio e ausência de amigos na comunidade, como também a questões ligadas à própria gravidez, como ausência de planejamento e complicações obstétricas.

O ginecologista Alexandre Faisal destaca a necessidade de atenção integral à mulher, durante a gravidez, com ênfase, também, nos aspectos psicológicos e do preparo dos profissionais de saúde para a adoção oportuna de medidas terapêuticas. "O problema é muito sério já que pacientes com problemas psicológicos, em geral, têm muita dificuldade em pedir ajuda e médicos não se sentem preparados ou tem pouco interesse em abordar a questão", diz.

O médico explica que o tratamento da depressão e da ansiedade na gestação pode ser feito por meio de psicoterapia ou uso de medicamentos. No entanto, os dados sobre o uso dessas drogas por gestantes são controversos. Alguns apontam riscos fetais, enquanto outros, não, por isso a indicação deve ser criteriosa. "Muitas gestantes não aceitam bem o uso de medicamentos pelos eventuais riscos para o bebê, daí a necessidade de se avaliar se as terapias psicológicas, de diferentes linhas, são efetivas e se apresentam melhor relação custo-benefício", conclui.