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Nadadores e velocistas cresceram mais que a população em geral, diz estudo

Do UOL Ciência e Saúde*<br>Em São Paulo

21/07/2009 18h32

Os atletas estão cada vez maiores, segundo uma pesquisa feita na Universidade Duke, nos Estados Unidos. O aumento no tamanho de nadadores e velocistas de elite nos últimos cem anos foi muito maior do que o verificado na população em geral, afirmam especialistas.

Isso significa que a tendência, hoje, é encontrar mais atletas como os nadadores Michael Phelps (1,93 metro), o brasileiro César Cielo Filho (1,96 metro) ou francês Alain Bernard (2,01 metro), do que casos como o de Ricardo Prado, que com 1,68 m de altura foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984 e recordista mundial dos 400 metros medley.

Reuters
O nadador Michael Phelps brinca com fãs em Orlando (EUA); estudo diz que os nadadores recordistas dos 100 metros
hoje estão 11,43 centímetros maiores em comparação com os de 1900
UOL CIÊNCIA E SAÚDE
De acordo com os autores do estudo, o padrão de crescimento dos atletas pode ser previsto por meio da teoria construtal, criada há 13 anos por Adrian Bejan, professor de engenharia mecânica em Duke. Inspirada na natureza, a teoria ajuda a explicar fenômenos diversos como a formação da bacia de rios ou a estrutura capilar em raízes de árvores.

No estudo, publicado pelo "Journal of Experimental Biology", Bejan e seu aluno Jordan Charles reuniram dados das alturas e pesos dos recordistas mundiais nos 100 metros rasos (atletismo) e 100 metros livre (natação). O aumento em altura dos atletas foi relacionado aos seus tempos.

"A tendência revelada pela análise sugere que esses recordes de velocidade continuarão a ser dominados por atletas mais altos e mais pesados. Achamos que isso se deve às regras construtais da locomoção animal e não ao aumento contemporâneo na altura média dos humanos", disse Charles.

Enquanto a altura média do homem aumentou 4,82 centímetros desde 1900, os nadadores recordistas dos 100 metros estão 11,43 centímetros maiores. O aumento dos velocistas foi ainda maior: 16,25 centímetros.

As regras teóricas da locomoção animal apontam que em geral os exemplares maiores devem ser mais rápidos do que os menores. Na teoria construtal, Bejan relaciona as três formas de locomoção animal - correr, nadar e voar - e argumenta que todas envolvem duas forças básicas: levantar peso verticalmente e superar o empuxo horizontalmente. Com isso, elas poderia ser descritas pelas mesmas fórmulas matemáticas.

Com tais fórmulas, é possível estimar as velocidades dos atletas durante os impérios grego e romano, por exemplo. "Na Antiguidade, as massas corporais eram, grosso modo, cerca de 70% das atuais. Ao usarmos a teoria construtal, verificamos que seriam precisos 14 segundos para completar os 100 metros que hoje são vencidos em menos de 10 segundos", disse Charles.

Segundo o cientista, essa nova maneira de analisar movimentos e tamanhos valida uma prática entre os nadadores, apesar de por motivo adverso. Os treinadores condicionam os atletas a tirar o corpo o máximo que conseguirem fora da água a cada braçada, de modo a ganhar velocidade.

"Achava-se que o nadador experimentaria menos resistência no ar do que na água. Entretanto, quando o corpo está mais acima da superfície, ele cai mais rapidamente e mais para a frente na água. A onde maior resultante é mais rápida e empurra o corpo para a frente. Quanto maior o nadador, maior o efeito. O conselho era bom, o motivo é que estava errado", disse.

Para Charles, como a tendência do aumento no tamanho dos atletas de elite deve se manter, pode ocorrer com a natação e com as provas de velocidade no atletismo, no futuro, uma divisão por altura e peso, tal qual ocorre há tempos com outros esportes, como boxe ou levantamento de peso.

*Com informações da Agência Fapesp