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Lagarto do Saara é um nadador de areia

Henry Fountain<br>The New York Times

23/07/2009 21h06

Para sobreviver em seu quente habitat no Saara, o peixe de areia, como outras criaturas do deserto, passa muito tempo abaixo da terra. Porém, este lagarto não fica simplesmente enterrado - ele se locomove com bastante rapidez através da areia. A pergunta seria: como?

Daniel I. Goldman, um físico do Instituto de Tecnologia da Geórgia, e colegas, formularam uma resposta, usando um sistema de imagens por raios-X de alta velocidade que consegue registrar o movimento subterrâneo do animal. O peixe de areia, conforme eles relatam na revista Science, não caminha pela terreno; o que ele faz é nadar, colocando suas patas para o lado e ondulando seu corpo.

"É bastante simples", disse Goldman: "Ele coloca uma onda de movimento para baixo do corpo, da cabeça à cauda".

Em outros experimentos, nos quais arrastaram um cilindro de aço pela areia, os pesquisadores conseguiram replicar as forças de arrasto e impulso que esse tipo de movimento geraria.

Goldman inicialmente estudou a física de materiais granulares, que apresentam um complicado comportamento - mudar de sólido para líquido, por exemplo. Então, como estudante de pós-doutorado, ele começou a estudar biomecânica. Ao longo do caminho, ele aprendeu sobre o peixe de areia, "um animal frio que interagia constantemente com os meios granulares", conta.

A câmera de raios-X mostrou que, um segundo depois de se enterrar no terreno arenoso, o peixe de areia prende seus membros em suas laterais. "Ele deixa de se parecer com um lagarto", disse Goldman. "Ele fica parecido com uma cobra ou enguia".

Os pesquisadores descobriram que a velocidade de nado variava de acordo com a frequência das ondulações, cerca de 2 a 4 por segundo. De forma fascinante, entretanto, a velocidade não era impactada por quão compacta era a areia. Os pesquisadores determinaram que isso se devia ao aumento nas forças de arrasto e impulso na areia compacta, e dessa forma, a proporção dessas forças não é diferente da utilizada em areias menos compactas.

Goldman disse que as descobertas deveriam ajudar na compreensão de como outros animais se movem pelo solo. Replicar esse comportamento deve, também, ajudar no projeto de robôs desenhados para viajar sob o solo ou através de cascalho, disse ele.