Topo

Alguns pássaros prosperam em ambientes barulhentos

Henry Fountain<br>The New York Times

30/07/2009 15h46

Digamos que você seja um cientista tentando estudar os efeitos de ruídos humanos sobre comunidades de pássaros na vida selvagem - um tópico interessante, dado como os pássaros são independentes em comunicação vocal. Você poderia escolher uma área para o estudo perto de uma estrada, talvez, mas isso cria um problema: como isolar os efeitos de ruídos de outros acontecimentos, como a morte de um animal ocasional que atravessa a estrada.

Para Clinton D. Francis, estudante de doutorado da Universidade do Colorado, a solução foi uma área com muitos ruídos, mas sem tráfego de carros. As áreas de estudo escolhidas foram as florestas de pinheiros no noroeste do Novo México, local com muitos poços de gás natural. Alguns dos poços têm enormes compressores, que funcionam constantemente e soam como motores de jatos. "Eles são, definitivamente, altos o bastante para que você precise de proteção auditiva se quiser passar alguns minutos ali", disse Francis.

Francis, junto a Alexander Cruz da Universidade do Colorado, e Catherine P. Ortega do Fort Lewis College, consideraram ninhos de pássaros próximos aos compressores e a poços silenciosos.

Ao contrário de alguns estudos anteriores sobre os efeitos de ruídos de estradas, eles não descobriram diferenças na densidade de pássaros em ambos os tipos de locais. Porém, o barulho realmente mantinha distantes alguns tipos de pássaros: os locais silenciosos possuíam ninhos de 32 espécies, enquanto apenas 21 espécies foram encontradas em locais com compressores. As descobertas foram relatadas na publicação "Current Biology".

Os pesquisadores também estudaram o sucesso reprodutivo - quantos ovos e filhotes eram produzidos nos ninhos. Francis disse que ele esperava um sucesso reprodutivo menor para os pássaros de locais barulhentos, pois eles não seriam capazes de ouvir os sons de predadores se aproximando.

Todavia, o estudo descobriu que os locais ruidosos eram, na verdade, mais produtivos, provavelmente porque o principal predador de aves da região, uma ave conhecida nos EUA como corvo-anão-do-oeste, aparentemente também não gosta de barulho. Uma quantidade muito pequena deles foi encontrada nos lugares mais ruidosos.


Tradução: Pedro Kuyumjian