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Amamentação diminui risco de câncer de mama em mulheres com a doença na família

Roni Caryn Rabin<br>The New York Times

17/08/2009 20h11

Existem novas evidências de que a amamentação esteja associada a uma menor incidência de câncer de mama num grupo de mulheres jovens com risco particularmente alto: aquelas com histórico desse tipo de doença na família.

Apesar de vários estudos demonstrarem que a lactação protege contra o câncer de mama, um novo relatório encontrou poucos efeitos nas mulheres pré-menopausa em geral. No entanto, no caso de mulheres com uma parente imediata, como mãe ou irmã, que desenvolveu câncer de mama, as que amamentaram tiveram um risco 59% menor de sofrer de câncer de mama antes da menopausa. Esses dados se aproximam do risco das mulheres que não possuem histórico familiar da doença, descobriu o estudo.

"Fiquei impressionado", disse Dr. Alison M. Stuebe, primeiro autor do estudo e professor assistente de obstetrícia e ginecologia da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill. "É uma redução impressionante no risco. Outros estudos ou não observaram esse aspecto ou não incluíram mulheres o suficiente com histórico familiar para encontrar uma diferença estatisticamente significativa".

O novo estudo, publicado no "The Archives of Internal Medicine", usou informações de 60.075 participantes do segundo Harvard Nurses' Health Study.

Mais pesquisas são necessárias para replicar as descobertas e mostrar que o risco reduzido é resultado da amamentação, e não de algum outro fator comum às mulheres que amamentaram. No entanto, Stuebe sugeriu que a amamentação pode provar ser uma estratégia tão eficaz para mulheres de alto risco quanto o uso do tamoxifeno, uma droga que interfere na atividade estrogênica e é muitas vezes usada em mulheres que apresentam altos riscos de desenvolver câncer de mama.

A amamentação é promovida principalmente por estar relacionada à melhor saúde do bebê, mas as mães aparentemente também obtêm vantagens de longo prazo. Estudos descobriram que mulheres que amamentaram tiveram menor tendência a desenvolver, décadas mais tarde, osteoporose, câncer de ovário, pressão alta e doenças cardíacas.

Mulheres que amamentam tendem a ser mais informadas e ter uma renda mais alta do que as que alimentam os bebês por mamadeira. Assim, desassociar os efeitos da lactação daqueles provenientes de outros hábitos e comportamentos pode ser difícil.

No estudo mais recente, os dados vieram de mulheres que participaram do Nurses' Health Study, de 1997 a 2005. As mulheres deram à luz e forneceram informações detalhadas sobre seus hábitos e histórico médico, incluindo amamentação, em 1997, antes que qualquer uma delas desenvolvesse câncer de mama. Cerca de 87% das mulheres amamentaram, por menor que fosse o período. Em junho de 2005, o câncer de mama pré-menopausa foi diagnosticado em 608 mulheres. Aquelas que tinham histórico familiar de câncer de mama, mas que amamentaram, desenvolveram apenas 41% mais casos de câncer do que aquelas com histórico familiar de câncer (mas que não amamentaram seus bebês).

Entretanto, não houve benefícios maiores se as mulheres amamentaram sem dar outros alimentos ou por períodos mais longos, levantando questionamentos sobre as conclusões do estudo, disse Dra. Louise Brinton, presidente do setor de hormônios e epidemiologia reprodutiva do Instituto Nacional do Câncer.

"Eu teria cautela na interpretação dessas informações", disse Brinton. "Esperávamos ver uma relação de resposta a drogas com a amamentação, se esse for realmente um fator de proteção". Curiosamente, as mulheres que tomaram medicamentos para prevenir a formação de leite tiveram menos risco de câncer de mama do que aquelas que não amamentaram, mas que não tomaram drogas de supressão da lactação, descobriu o estudo.

Tradução: Gabriela d'Avila