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Cerca de 10 milhões de brasileiros já tiveram algum sintoma de DST

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em São Paulo

18/08/2009 11h57

Cerca de 10 milhões de brasileiros já tiveram algum sinal ou sintoma de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Do total, 6,6 milhões são homens e 3,7 milhões, mulheres. O preocupante é que 18% deles e 11,4% delas não procuraram nenhum tipo de tratamento.

Os dados, inéditos, fazem parte da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade (PCAP - DST, 2008), divulgada pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (18). A pesquisa foi realizada por técnicos do Ibope em todas as regiões do país, em novembro de 2008, com 8 mil entrevistados.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que os brasileiros ainda têm medo de contar aos parceiros que contraíram alguma doença sexualmente transmissível.

"Estamos falando de doenças que, na maior parte dos casos, têm cura, mas ainda estão fortemente presentes na sociedade. O agente causador da sífilis, por exemplo, foi descoberto há mais de 100 anos", disse. Para Temporão, falta de diálogo nas relações. Leia mais
MEDO DE REVELAR
As DST podem aumentar em 18 vezes o risco de infecção pelo HIV, que é uma doença ainda sem cura.

Campanha e cartão virtual

Com base nos resultados, o Ministério lançou hoje a campanha "Muita prazer, sexo sem DST", voltada principalmente para homens. O objetivo é que a população reconheça os sinais e sintomas, procure tratamento e alerte o parceiro ou parceira sobre os riscos dessas doenças. Um jingle - gravado por 12 cantores sertanejos, entre eles Daniel e a dupla Chitãozinho e Xororó - funciona como carro-chefe e será veiculado em rádios de todo o país.

Uma das novidades da campanha é o hotsite www.aids.gov.br/muitoprazer, que traz informações gerais sobre prevenção e tratamento das DST. Lá, o internauta encontra também cartões virtuais para comunicar ao parceiro a descoberta da infecção por alguma DST, sem necessidade de se identificar.

Automedicação

O levantamento do Ministério da Saúde traz outro dado preocupante: a automedicação, mau hábito que predomina entre os homens. Enquanto 99% das mulheres que procuram tratamento recorrem primeiro a um médico, um quarto dos homens busca solução no balcão da farmácia. Entre eles, quanto menor a escolaridade, maior é o percentual de quem recorre à prática não recomendada.

Regiões

Em termos regionais, o Norte apresenta o maior percentual (24,6%) de homens que relataram ter tido pelo menos uma DST. Nas outras regiões, esse índice não ultrapassa os 20%.

Entre as mulheres, não há diferenças significativas - varia de 11,2% no Sul a 7% no Nordeste. Em relação a raça/cor, o total de homens negros que relataram sinal ou sintoma de DST é maior do que entre os brancos - 19% e 13,8%, respectivamente.

Orientação inadequada

Uma constatação da pesquisa é que os pacientes com indícios de DST nem sempre recebem as orientações adequadas. Apenas 30% dos homens e 31,7% das mulheres tiveram a recomendação de fazer o teste de HIV. A solicitação de exame de sífilis é ainda menor: 24,3% e 22,5%, respectivamente.

Cerca de 40% também não são informados sobre a necessidade de usar preservativo e comunicar aos parceiros.

O tratamento para as DST é simples e está disponível para toda a população no Sistema Único de Saúde (SUS). A maior parte delas tem cura, com exceção do herpes e do HPV.

Veja alguns fatores de risco relacionados às doenças sexualmente transmissíveis:

- Homens têm 31,2% mais chance de ter algum sinal ou sintoma de DST alguma vez na vida do que mulheres.

- Relação sexual com parceiro do mesmo sexo mais do que dobra a probabilidade de ter algum sinal relacionado à DST, na vida.

- Indivíduos que já tiveram mais de 10 parceiros na vida têm chance 65% maior de ter um antecedente relacionado à DST.

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Fonte: Ministério da Saúde DST-Aids
GonorreiaArdor ao urinar, coceira, corrimento uretral espesso e amarelado. Na mulher, pode apresentar corrimento ou ser assintomáticoNo homem: esterilidade
SífilisCancro duro - ferida única indolor, sem pus que desaparece em pouco tempo. Lesões avermelhadas na pele, principalmente na palma das mãos, planta dos pés e dorsoNa fase tardia, pode evoluir com lesões neurológicas, ósseas e cardiovasculares, caracterizando neurossífilis. Na gestante, pode evoluir para a transmissão vertical se não houver tratamento conjunto da mãe e do parceiro, levando o recém-nascido à sífilis congênita
Herpes simples genitalArdor, coceira, dor, bolhas e depois feridasInfecção no sistema nervoso (meningite/encefalite)
Tricomoníase (corrimento)Corrimento amarelo esverdeado, com bolha, odor desagradável, ardência na relação sexual (às vezes acompanha coceira na vulva)No homem: inflamação na próstata e no epidídimo
Clamídia (uretrite não gonocócica, cervicite, doença inflamatória pélvica)Geralmente assintomática, pode apresentar corrimento de cor clara e mucoide (parece uma clara de ovo), raramente purulentaNo homem: esterilidade
HPV (crista de galo, condiloma acuminado, figueira, verrugas, ficus e thymus)Os sintomas podem não se manifestar. Nos homens, quando aparecem, apresentam-se na forma de pequenas verrugas no pênis, ânus e boca. As mulheres podem não perceber as verrugas na região interna da vagina e colo do útero, mas os sinais podem aparecer também na vulva, vagina, períneo, ânus e bocaDependendo do subtipo de HPV, pode ocorrer no homem câncer de pênis e ânus
DoençaSinais e sintomasConsequências ao não tratar