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Um terço dos brasileiros acha que gripe suína mata mais que meningite e pneumonia

Do UOL Ciência e Saúde<br>Em São Paulo

21/08/2009 15h45

O brasileiro acredita que a gripe suína, ou influenza A (H1N1), é capaz de matar mais do que doenças como a meningite e a pneumonia. Esse é um dos resultados de uma pesquisa realizada com 2.000 pessoas de todas as regiões do país no mês de julho.

Batizada de "Protege Brasil", a pesquisa foi realizada pelo Ibope e patrocinada pela Wieth Indústria Farmacêutica. O objetivo foi avaliar o conhecimento da população sobre a importância da vacinação para prevenir as doenças pneumocócicas, que são as que mais matam crianças menores de dois anos no país. Entre as enfermidades, estão a meningite, a pneumonia, a otite média aguda e a septicemia.

Estima-se que as enfermidades causadas pelos pneumococos, que são tipos de bactérias, provocam 1,6 milhão de mortes por ano em todo o mundo, mas há muitos países em que a contagem é falha.

Ao ser perguntado sobre qual a doença que mata mais: gripe suína ou males como meningite e pneumonia, um terço dos entrevistados (35%) respondeu que a gripe suína é a que mais mata.

Para o infectologista e pediatra Marcos Lago, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a nova gripe não deve ser negligenciada, mas é preciso que as pessoas tenham conhecimento de seu real impacto. "No Estado de São Paulo, a taxa de mortalidade para 100 mil habitantes é de aproximadamente 0,3%. Mas, para se ter uma ideia, a dengue teve uma taxa de 20% no Rio de Janeiro no ano passado", compara.

Já quando perguntados sobre a principal causa de morte especificamente entre crianças menores de dois anos, 69% dos entrevistados acertaram, citando as doenças pneumocócicas.

Importância da vacina

Os entrevistados também foram questionados sobre a percepção de que a vacinação protege não apenas o indivíduo, mas também a comunidade. De acordo com a pesquisa, 68% dos brasileiros acreditam que, ao se vacinar, protegerá apenas a si mesmo.

Estudos têm mostrado que grande parte das vacinas têm um efeito protetor importante em toda comunidade quando aplicadas na criança.

"Crianças de até 5 anos possuem pneumococos no nariz e na garganta, sem necessariamente apresentar doença. Em geral, as que têm menos de 2 anos ou apresentam problemas respiratórios são as mais suscetíveis", explica o infectologista.

Mesmo quando não adquirem a doença, as crianças podem transmitir pneumococos para adultos e idosos. "A imunização, que é praticada em mais de 39 países desde 2000, tem mostrado que boa parte das crianças deixa não apenas de ter as doenças, mas também de carregar a bactéria no nariz e na garganta", acrescenta Lago.

A vacina conjugada 7-valente (contra sete tipos de pneumococo) está disponível no país há alguns anos, mas apenas na rede particular. No último dia 17, o Ministério da Saúde firmou acordo com a GlaxoSmithKline (GSK) para produzir uma vacina pneumocócica conjugada que deverá ser incluída no Programa Nacional de Imunicações em 2010.

Também está em processo de aprovação na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a vacina pneumocócica conjugada 13-valente. A expectativa da empresa fabricante, a Wieth, é que ela receba o aval da autoridade sanitária ainda este ano.