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Especialistas nos EUA alertam contra produtos à base de resveratrol

Sara Arnquist

25/08/2009 16h20

Desde que cientistas descobriram, em 2003, que o resveratrol - composto químico encontrado em cascas de laranja e no vinho tinto - pode estar ligado a uma vida mais longa, empresas de suplementos alimentares tentaram lucrar com isso.

Após o resveratrol receber atenção dos programas norte-americanos "60 Minutes" e "The Oprah Winfrey Show", a internet ficou repleta de sites com declarações de saúde não-provadas e falsos testemunhos de celebridades sobre pílulas antieenvelhecimento e de perda de peso produzidas a partir do resveratrol. Em resposta ao uso impróprio de seus nomes, Winfrey e seu convidado usual, o Dr. Mehmet Oz, juntamente a Barbara Walters e o Dr. David Sinclair, o cientista de Harvard a quem é atribuída a descoberta dos efeitos antieenvelhecimento do composto químico, denunciaram publicamente esses sites e disseram não apoiar quaisquer produtos do químico.

Entre os que ficaram mais nervosos com a propaganda enganosa está Bill Sardi, que fundou em 2006 a empresa de suplementos alimentares Resveratrol Partners, e não foi beneficiado por toda a atenção da mídia, segundo ele, por respeitar as regras.

"Nunca imaginei um dia acordar e ter centenas de concorrentes, todos eles blogueiros, sem a menor ideia do certo e do errado", disse Sardi.
Seu produto, chamado Longevinex, não pode competir com empresas fazendo "afirmações bizarras", oferecendo amostras grátis e usando um exercito de bloggers para otimizar sua colocação no sistema de buscas do Google, disse ele.

Geralmente, o resveratrol é vendido em cápsulas que contêm extratos de vinho tinto e da planta Polygonum, um vegetal encontrado na China, embora a ideia do resveratrol prolongar a vida seja baseada em experimentos com animais - não necessariamente produzem resultados equivalentes em humanos. Além disso, ninguém sabe exatamente quanto do composto deve ser consumido.

Essa incerteza não aparece em sites vendendo produtos resveratrol, que promovem seus poderes antieenvelhecimento e de perda de peso, muitas vezes com o testemunho pessoal de um blogger. Esses sites eventualmente levam os leitores a páginas, como o www.resveratrolstudies.net, que exibem os logotipos da CBS, ABC, Oprah, e uma foto do Dr. Oz inserida no banner superior.

Outro site, o www.dr-sinclair-resveratrol.com, traz uma foto de Sinclair ao lado do que parece ser sua aprovação. Somente clicando no pequeno botão "terms", no canto inferior, é que se percebe a não filiação do especialista ao site.

As duas páginas são produtos da empresa FWM Laboratories Inc., com base em Hollywood, na Florida. Consumidores registraram mais de 3 mil queixas sobre a nova - um ano de vida - empresa de suplementos junto à agência Better Business Bureau of Southeast Florida.

O grupo supervisor de empresas deu à FWM Laboratories sua classificação mais baixa, um F, por falhar em responder a reclamações e conduzir propagandas "revoltantemente enganosas", além de práticas comerciais fraudulentas.

Brian Weiss, um vice-presidente da FWM Laboratories, negou-se a dar entrevistas.

A agência Food and Drug Administration (FDA), responsável pela regulamentação de alimentos e remédios nos EUA, não exige que suplementos alimentares passem pelas mesmas revisões de qualidade, segurança e efetividade que medicamentos prescritos ou vendidos no balcão. Os fabricantes de suplementos, entretanto, não podem fazer afirmações mentirosas sobre seus produtos.

Desde 2007, a FDA emitiu duas cartas de aviso a duas empresas responsáveis pela venda de produtos resveratrol. O aviso era para que parassem de realizar afirmações falsas, como dizer que seus produtos curariam o câncer.

A Comissão Federal de Comércio não faz comentários sobre reclamações recebidas sobre alguma empresa, ou se uma empresa está sob investigação, segundo a porta-voz Elizabeth Lordan. Até agora, a agência regulamentadora não denunciou nenhuma empresa por propaganda enganosa de produtos resveratrol, disse Lordan.

Tradução: Pedro Kuyumjian