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Clínica encontra forma de ajudar peruanas em partos seguros

Denise Grady<br><br>The New York Times

14/09/2009 20h10

Áreas rurais de Ayacucho, no Peru, já marcaram alguns dos maiores índices de mortalidade do país durante a gravidez e o parto. Assim como ocorre em muitos países pobres, a maioria das mortes acontece porque as mulheres dão à luz em casa. Aqueles que tentam ajudar não sabem como realizar um parto de forma segura, nem evitar ou tratar hemorragias, infecções e outras complicações fatais. Em 1999, no distrito de Santillana, parte da região de Ayacucho, apenas 6% dos partos ocorria em uma clínica local.

Profissionais da saúde se moveram para mudar essa situação. Eles começaram a perguntar às pessoas da comunidade sobre as formas tradicionais de dar à luz, e sobre o que a clínica fazia de errado. Eles ouviram bastante coisa. Os trabalhadores da clínica não falavam a língua local, quéchua. Eles tratavam os pacientes de forma grosseira, e barravam maridos e outros parentes da sala de parto. Eles forçavam as mulheres a usar roupas hospitalares, em vez de suas próprias roupas, e as faziam dar à luz deitadas numa mesa, em vez de agachadas. Eles jogavam a placenta fora, em vez de dá-la à família para que fosse enterrada num lugar quente.

Trabalhando com moradores locais, membros de um grupo não-governamental, a Health Unlimited, mudaram os serviços de parto de uma clínica no distrito de Santillana. Eles garantiram que o quéchua fosse falado, deixaram que os parentes ficassem e ajudassem, arrumaram as salas de parto para que as mulheres pudessem dar à luz agachadas e fizeram outras mudanças, com base nas tradições locais.

Até 2007, 83% dos partos eram realizados na clínica. Num relatório publicado na edição deste mês do Boletim da Organização Mundial de Saúde, os autores afirmam que o projeto em Ayacucho mostra que as mulheres indígenas com baixo grau de instrução querem ajuda profissional na hora do parto, e vão buscá-la se são tratadas com respeito nas clínicas.