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Estudantes recebem a primavera com experimento que mostra o caminho do Sol na Amazônia

Amanda Mota<br>Da Agência Brasil<br>Em Manaus

22/09/2009 19h31

Pesquisadores do Museu da Amazônia realizaram nesta terça-feira (22), exatamente ao meio-dia, o estudo Experiência do Equinócio com estudantes de uma escola estadual de Manaus e da Vila do Equador, que fica no município de Rorainópolis, Roraima.

O objetivo foi mostrar que o caminho percorrido pelo Sol, em relação à Terra, ao longo do ano, é percebido de forma diferente, e que entender isso pode ajudar a compreender porque no Brasil, por exemplo, existem tantas variações de clima e temperatura em localidades diferentes em uma mesma época do ano.

Na terça-feira, dia em que começou a primavera, o Sol formou um ângulo de 90 graus em relação ao horizonte nas áreas localizadas na região da Linha do Equador. De acordo com o astrônomo Germano Afonso, consultor do Musa, o experimento foi realizado ao meio-dia porque é o momento em que ocorre a passagem do sol a pino. No caso da Amazônia, isso ocorre duas vezes ao ano.

"Esse fenômeno está relacionado à posição do Sol que, no início da primavera e do outono, fica a pino, ou seja, forma um ângulo de 90 graus nas regiões da Linha do Equador", explicou Afonso, em entrevista à Agência Brasil.

A Experiência do Equinócio é simples e consiste em posicionar verticalmente um tubo oco de madeira sobre um pequeno recipiente com água. "Dessa forma, é possível acompanhar o movimento do Sol e vê-lo refletido sobre a água exatamente quando se formam esses 90 graus", explicou.

O experimento comprova que os movimentos do Sol são percebidos de forma diferente pelo mundo e ensina conceitos como os de latitude e longitude. O caminho percorrido pelo Sol, segundo o especialista, gera reflexos na meteorologia e na biodiversidade de cada localidade. No caso da Amazônia, explica o porquê da presença das altas temperaturas nesta época do ano.

"Quando o sol está mais alto, o calor é maior. Mas as temperaturas também sofrem influência de ventos e chuvas, por exemplo", ressaltou o astrônomo.

Segundo o coordenador-geral do Musa, Enio Candotti, o experimento é realizado há séculos, inclusive por povos indígenas, que acreditam que a passagem do Sol a pino está relacionada ao domínio de um deus superior e ao apoio que outros deuses deram para a construção do mundo e a sobrevivência de seus habitantes.

Candotti informou que o experimento realizado na presença dos estudantes do Amazonas e de Roraima é um exemplo do que o Musa vai implantar a partir do próximo ano, quando, efetivamente, começar a funcionar. A experiência também faz parte das comemorações do Ano Internacional da Astronomia.

"Estamos resgatando um conhecimento tradicional que não está sendo prestigiado. O Musa será uma oficina permanente a serviço da educação, das escolas e da popularização da ciência", explicou Candotti.