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Conheça alternativas aos remédios para grávidas com depressão

Cristina Almeida*

Especial para o UOL Ciência e Saúde

03/03/2010 12h32

Gestantes deprimidas ou ansiosas que não podem tomar remédio geralmente têm de contar apenas com a terapia para controlar os sintomas durante a gravidez e a amamentação. Nos casos mais graves, porém, o tratamento pode demorar para surtir efeito, ou não ser suficiente. Algumas alternativas, embora ainda pouco estudadas especificamente em gestantes, têm se mostrado promissoras.

Conheça algumas alternativas aos antidepressivos durante a gravidez

Terapia interpessoal – o foco é reduzir o peso que os distúrbios de humor trazem para os relacionamentos. Se a depressão for leve, ela é indicada. Nos casos mais graves, ela pode ser um tratamento coadjuvante
Terapia cognitivo comportamental – o objetivo é auxiliar a paciente a identificar os pensamentos pessimistas e as crenças que podem levar à depressão. Quando usada sozinha, essa terapia funciona de forma mais lenta do que a medicação. A perspectiva é que, em 2 meses ou mais, os resultados apareçam. A boa notícia é que seus efeitos são duradouros. Terapias em grupo também são indicadas
Acupuntura - estudo apresentado no 30º Encontro Anual da Sociedade de Medicina Materno-Fetal concluiu que a acupuntura alivia os sintomas de depressão em gestantes e podem ser uma opção segura para gestantes. Segundo especialistas, as agulhas estimulam os neurotransmissores (serotonina, dopamina e noradrenalina) envolvidos no bem-estar

Fontes: Dr. Joel Rennó Jr., psiquiatra e Coordenador Geral do Programa de Saúde Mental da Mulher (Pro-Mulher), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Dra. Angela Maria Florêncio Tabosa, professora afiliada e Vice-Chefe do Setor de Medicina Chinesa-Acupuntura do Departamento de Ortopedia e Traumatologia Chefe do Laboratório de Pesquisas em Acupuntura da Unifesp

Uma delas é a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), técnica que consiste em emitir ondas magnéticas em áreas do cérebro. O tratamento tem sido uma opção para casos de dor crônica, dor após AVC, depressão e outros transtornos psiquiátricos que não respondem a medicamentos. Não invasivo e indolor, a EMT pode vir a ser indicada para grávidas deprimidas, mas por enquanto ainda não é uma prática difundida.

Os resultados parciais de um estudo brasileiro, porém, indicam que a técnica é útil para casos de depressão pós-parto. "A vantagem de não usar medicamentos para a mulher que acabou de ter filho é que o leite não é afetado", comenta Marco Antonio Marcolin, especialista em EMT da Universidade de São Paulo (USP).

Até agora, apenas dez mulheres foram avaliadas na pesquisa, que ainda recebe voluntárias. Mas a melhora relatada foi expressiva, não só dos sintomas depressivos, mas também dos processos cognitivos, como a memória. As participantes foram submetidas a 20 sessões, de 20 minutos cada.

Se a EMT se mostrar eficiente para esse público, como tem se mostrado para outros, terá apenas um ponto fraco: o tratamento ainda não faz parte do rol do SUS (Sistema Único de Saúde). E é caro: cada sessão custa aproximadamente R$ 300.

Medicina chinesa

Outro tratamento, a acupuntura, também começa a ser avaliada cientificamente como opção a gestantes. Uma pesquisa dirigida pela professora  americana Rachel Manber, do Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade de Stanford (EUA), e apresentada no 30º Encontro Anual da Sociedade de Medicina Materno-Fetal, no mês passado, concluiu que a técnica de fato alivia os sintomas de depressão nas grávidas.

Segundo a médica Angela Tabosa, especialista em Medicina Chinesa e Acupuntura da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), esse efeito é resultado da estimulação dos neurotransmissores (serotonina, dopamina e noradrenalina) proporcionada pela técnica.

A explicação dos orientais para a depressão é a existência de um desequilíbrio energético que prejudica as funções gerais do organismo. As agulhas ajudariam a restabelecer o equilíbrio, melhorando o estado geral da mulher que, nessa fase, precisa estar apta para cuidar não só do próprio corpo, mas também do bebê que carrega no ventre.

*Colaborou Tatiana Pronin