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Grilos podem prevenir seus filhotes do perigo das tarântulas na gravidez

Por Henry Fountain

The New York Times

03/03/2010 19h13

Caso uma mulher grávida tivesse consciência da presença de criaturas perigosas à espreita e soubesse que não poderia estar por perto para cuidar de seu bebê após o nascimento, certamente ficaria muito preocupada.

Mas se ela encontrasse uma maneira de precaver o bebê antes que ele nascesse, certamente o faria.

Até onde sabemos, isto é algo impossível para as mães da raça humana. Entretanto, parece que os grilos fêmeas, quando estão gestando, possuem esta capacidade de alerta. Como os grilos abandonam seus filhotes após o nascimento, tal qualidade se torna muito útil.

Pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul e da Universidade do Estado de Indiana colocaram fêmeas grávidas de grilos em um recipiente cercado, para que fossem seguidas, mas não devoradas, por uma tarântula, cujas presas foram cobertas com cera para proteger os grilos.

Os filhotes das fêmeas expostas à tarântula se tornaram mais espertos ao nascer do que aqueles cujas mães não foram expostas à tarântula. Eles permaneceram escondidos por mais tempo e ficaram imóveis ao entrarem em contato com fezes ou teias.

No segundo experimento, os pesquisadores colocaram os filhotes de grilos em uma arena com uma tarântula faminta, cujas presas estavam em pleno funcionamento. Com o passar do tempo, a aranha devorou todos os grilos, porém aqueles que nasceram das fêmeas expostas anteriormente à tarântula demoraram mais para morrer.

Esta pesquisa foi publicada na revista científica The American Naturalist do mês passado.

O que ainda não se sabe exatamente é de que forma os grilos fêmeas previnem seus fetos. “Não conhecemos o mecanismo específico”, explica Jonathan Storm, professor da Universidade da Carolina do Sul em Spartanburg e um dos autores do relatório.

Embora seja uma hipótese até o momento, “é possível que exista algum tipo de transmissão de hormônio”, diz ele.

© 2010 New York Times News Service