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Depois do acasalamento, peixe-cachimbo macho fica exigente

Por Henry Fountain

New York Times News Service

02/04/2010 20h30

O peixe-cachimbo, assim como cavalos-marinhos e alguns outros peixes relacionados, são pouco comuns no aspecto de que é o macho que fica grávido. A fêmea deposita ovos numa bolsa no corpo do macho, onde eles são fertilizados e protegidos, recebendo nutrientes enquanto se desenvolvem.

Como fêmeas de muitas espécies, peixes-cachimbo são exigentes em relação a seus parceiros de acasalamento, preferindo fêmeas maiores. Mas, em algumas espécies, as fêmeas também são exigentes depois do acasalamento – fêmeas de algumas espécies de insetos se acasalam com vários machos, mas usam o esperma de apenas um macho para fertilização, por exemplo. Assim, será que os peixes-cachimbo também apresentam esse tipo de comportamento – o que cientistas chamam de seleção sexual pós-cópula?

Kimberly A. Paczolt, doutoranda da Texas A&M University, e Adam G. Jones, seu orientador, responderam a essa pergunta. Num artigo publicado na Nature, eles mostram que os machos fornecem recursos ou os retêm de embriões em desenvolvimento com base na atratividade da fêmea.
Os pesquisadores estudaram o peixe-cachimbo do Golfo, que tem uma bolsa quase transparente, permitindo que os embriões fossem monitorados enquanto se desenvolvem. Eles reproduziram machos consecutivamente com duas parceiras diferentes, para ver como uma choca afetava a outra.

Os cientistas descobriram que, se o macho tinha acasalado com uma fêmea maior para a primeira choca, mais embriões sobreviveram ou foram maiores. Mas, na segunda choca, menos embriões tiveram sucesso. “Se o macho investe muito na primeira choca, não terá muitos recursos para a segunda”, disse Paczolt.

De modo oposto, se o macho acasalava com uma fêmea menor primeiro, e menos embriões tinham sucesso, então mais embriões tinham sucesso na segunda choca. Em ambos os casos, o macho estava fazendo uma escolha pós-acasalamento. “Quanto mais atraente a fêmea, mais recursos ele está disposto a gastar”, disse Paczolt.