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Cadeira de rodas mais leve do mundo é um dos destaques da Reatech 2010

do RROnline*

19/04/2010 16h36

Test-drive de carros adaptados e de cadeiras de roda motorizadas, próteses, artigos de informática, quadras adaptadas, animais treinados, palestras, grupos de dança e diversos outros serviços e produtos. Foi o que encontrou quem passou pela 9ª edição da Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, a Reatech 2010.

O evento, que aconteceu entre os dias 15 e 18 de abril, no Centro de Exposições Imigrantes (SP), contou com cerca de 210 expositores e com público de aproximadamente 35 mil visitantes, segundo os organizadores. A Reatech acontece em um momento em que o setor de produtos e serviços para reabilitação movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão no Brasil, sendo R$ 200 milhões só com vendas de cadeiras de rodas e mais de R$ 800 milhões em automóveis e adaptações veiculares.

Uma das novidades apresentadas foi um novo modelo de máquina de escrever em braille, da Perkins Brailler, a “Next Generation”, que custa cerca de R$ 3.000. A expositora da marca, Laura Martz, comentou sobre as qualidades da nova opção. “A antiga é barulhenta, pesada. A nova é mais suave, leve, e apaga os erros, se você digitar errado. Isso além de uma aparência mais fashion”, descreveu.

A tecnologia do novo equipamento não encantou o estudante Patrick Santos, 17. Ele tem a máquina de escrever de ferro e afirmou que não pretende trocar pela nova. “Eu prefiro usar a máquina de ferro porque, como ela é mais pesada, escreve mais forte. As novas são de plástico e quando você digita a escrita sai muito fraca, no Braille fica ruim”.

Uma das grandes atrações da feira foram os diferentes modelos de cadeiras de rodas apresentados. Uma delas, da empresa Sunrise Medical, é considerada a cadeira mais leve do mundo, pesando 7 quilos – o peso médio das outras é 11,5. Ela chega ao Brasil ao custo de R$ 5.000.

“Os cadeirantes fazem um trabalho de transferência constante da cadeira de rodas para outros lugares. Por isso é importante na vida deles uma cadeira mais leve, sobretudo para as lesões medulares média e alta”, afirma o expositor Leonardo John. O educador físico Luis Carlos Marques, 43, testou e aprovou a cadeira. “O ponto de equilíbrio da cadeira também é ótimo. Posso jogar ela para trás sem medo de cair. Não dá vontade de sair daqui”.

Diversas empresas, como Deloitte, Wall Mart, Itaú/Unibanco e HSBC, apresentaram programas de carreira e vagas para pessoas com deficiência. O banco Santander também estava fazendo o cadastro e a expectativa era de receber cerca de 1.000 currículos nos quatro dias de feira. “No banco ainda há 500 vagas para deficientes a serem preenchidas até o final do ano”, informou Elaine Pereira, 40, responsável pelo cadastramento do grupo espanhol. Para quem não foi à feira, o cadastro também pode ser feito através dos sites das empresas.

A terapia com animais também teve espaço na Reatech 2010. O Gati (Grupo de Abordagem Terapêutica Integrada), que participa da feira desde a primeira edição, levou cachorros, gatos, jabutis, coelhos e pôneis para divertir quem passasse por lá. A coordenadora e psicopedagoga do grupo, Eliana Santos, explicou os benefícios deste tipo de tratamento.
“A pet terapia traz ganhos motores e psicológicos. A grande vantagem é que ela atende a uma gama gigante de patologias e necessidades. Você pode usar para quadros motores, para autistas, para pessoas com déficit de atenção, etc. Além disso, o vinculo com o animal é extremamente benéfico, pois amplia a motivação e reduz o estresse”, explicou Eliana.

O pré-candidato à presidente, José Serra (PSDB), foi visitar a feira no sábado e comentou sobre o que encontrou. “Eu vi equipamentos que facilitam a vida do deficiente físico, até mesmo no dia da eleição. São tecnologias de todo tipo, coisas que, para nós, parecem pequenas, mas que são infinitamente importantes para essas pessoas”.

Serra também falou sobre a necessidade de trabalhar em conjunto quando o assunto é acessibilidade. “Os deficientes físicos são pessoas como as outras, que só precisam de um apoio maior para exercer a capacidade que tem. Eles precisam que os governos municipais, estaduais e federais trabalhem junto com organizações não governamentais para dar uma atenção muito especial a eles”.

A professora Andressa de Oliveira, 33, aprovou o que viu na primeira Reatech em que foi e afirmou que pretende voltar nos próximos anos. “A feira é importante porque tem muita novidade, muita coisa técnica, que a pessoa com deficiência não conhece ainda e passa a conhecer aqui. Isso tudo melhora a qualidade de vida dela”, disse.

Já o auxiliar administrativo Altair Calixto, 44, achou que a feira deste ano está fraca em relação às outras que visitou. “Tem muitos expositores que não estão mais vindo. A cada ano o público aumenta, mas a feira diminuiu. Tem coisa aí dentro que não tem nada a ver com deficiente, tem que rever isso”, opinou Calixto. “A feira é boa, mas ficou muito comercial”, completou.

A Universidade Metodista marcou presença na Reatech 2010. A instituição apresentou o Projeto Vida, que trabalha para a inclusão e melhora na qualidade de vida das pessoas portadoras de deficiência através de atividades de cunho esportivo e artístico.

Mas a sensação do estande foi um circuito em que as pessoas podiam sentar em uma cadeira de rodas e ter uma pequena ideia da realidade do deficiente físico. O professor de fisioterapia Domingo Belasco Jr, 44, ressaltou o valor deste tipo de ação. “Todos nós devemos ser responsáveis. Alguns de nós vamos ser, por exemplo, donos de comércio, então não vamos colocar mesa na calçada quando lembrar da dificuldade que é andar na cadeira. A ideia é conscientizar, formar cidadãos”, pontuou.

A atividade surtiu efeito entre os participantes. Leandro Silva, 20, estudante de educação física, falou sobre o que achou do percurso. “Foi cansativo, mas bem legal. Achei um pouco fácil, mas no dia a dia deve ser muito difícil, pois não é todo lugar que tem rampa”. A jornalista Vivian de Almeida concorda com ele e acrescenta: “Para a gente, que fez só por alguns minutos, acaba sendo até uma diversão, mas deve ser bem complicado usar a cadeira todos os dias”.

Acompanhe no vídeo abaixo um dos modelos de carro adaptado para portadores de necessidades especiais apresentado na feira pela empresa Cavenaghi. A adaptação pode ser feita para diferentes tipos de lesões.

*Esta reportagem foi produzida por Adriana Feder, Denise Moraes, Mariana Pedroso , Marília Ravasio e Sandra Coutinho, alunas do curso de jornalismo da Universidade Metodista de SP para o portal RROnline