Topo

Grilos menores acasalam com o dobro de fêmeas

Por Sindya N. Bhanoo

The New York Times

10/06/2010 08h00

Parecia com um reality show. Sessenta e quatro câmeras de vídeo acompanhavam centenas de indivíduos no norte da Espanha, cada um com uma etiqueta de identificação presa nas costas.

Mas as estrelas eram os grilos. E o set de filmagem era uma campina de 2.500 metros quadrados, onde cientistas observavam, com uma intensidade sem precedentes, o comportamento dos insetos num habitat natural.

Estudar insetos na natureza é difícil porque eles são pequenos, de movimentos rápidos e inclinados a voar. Neste estudo, cientistas registraram mais de 250 mil horas de vídeo, acompanhando duas gerações de grilos que não voam, noite e dia, ao longo de dois anos. Eles também usaram amostragem de DNA para rastrear os números de descendentes.

Incrivelmente, eles descobriram que machos menores e subservientes acasalam com o dobro de fêmeas do que os machos maiores e dominantes. Mesmo assim, ambos tendem a ter o mesmo número de descendentes.

“Em laboratório, os machos dominantes se saem melhor”, disse Tom Tregenza, professor de ecologia evolucionária da Universidade de Exeter, e um dos autores do estudo. “Se você colocar dois machos numa pequena caixa com uma fêmea, o macho dominante simplesmente atacará o subserviente e acasalará com a fêmea”.

Na natureza, os machos subservientes podem ter mais espaço para fugir e evitar os machos dominantes, disse ele.

Ele e seus colegas também descobriram que, quanto mais um macho subserviente canta, mais parceiras ele terá. Nos machos dominantes, não houve tal ligação.

“Se você é um macho pequeno, aparentemente precisa cantar muito”, afirmou Tregenza. “Mas se você for o tipo forte e silencioso, se sairá bem”.

O estudo aparece na edição de 4 de junho da “Science”.

© 2010 New York Times News Service