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O uso de antidepressivos pode deixar as pessoas mais felizes?

Lilian Ferreira*

De Gramado

10/06/2010 16h27

Antidepressivos deveriam ser usados com uma finalidade cosmética, para deixar as pessoas mais felizes? Deve-se tratar sentimentos hoje tidos como normais? A resposta para essa pergunta foi tema de discussão no 6° Congresso Brasileiro de Cérebro Comportamento e Emoções, que acontece de 10 a 12 de junho em Gramado (RS).

Chefe do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Valentim Gentil destaca que os valores morais de hoje não são os mesmos de ontem, o que é tido como doença hoje não era visto assim há alguns anos.

E até que ponto cairíamos no "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, no qual tomar um "soma" (que na obra funciona como droga da felicidade) evita qualquer tipo de sofrimento e torna as pessoas mais resignadas com os problemas da vida?

O uso de drogas e, principalmente, de álcool foi apontado como socialmente aceito para melhorar a capacidade de se relacionar das pessoas e diminuir os pensamentos negativos. Então seria somente mais um passo aceitar o uso de medicamentos para esta finalidade?

“Os remédios são similares a outras drogas já incorporadas em nosso dia a dia. O vinho é utilizado para melhorar a sociabilidade, o Viagra é cada vez mais aceito para problemas de disfunção sexual. É só questão de desmistificar o paradigma”, afirma Rodrigo Bressan, coordenador do grupo de pesquisa de Neuroimagem Molecular do Instituto do Cérebro do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.

Dóris Moreno, doutora em psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, também acredita que é dever do psiquiatra deixar o paciente 100% livre de sintomas como mau humor e irritação constante.

* A editora-assistente viajou a convite da organização do evento